O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após declarações consideradas ameaçadoras contra membros do Judiciário brasileiro.
A convocação ocorreu em resposta a publicações feitas pelo Departamento de Estado dos EUA e pela própria embaixada nas redes sociais. O conteúdo foi interpretado pelo governo brasileiro como ingerência indevida e ameaça inaceitável às instituições nacionais.
Durante o encontro, o secretário interino da Europa e América do Norte do Itamaraty, embaixador Flavio Celio Goldman, expressou formalmente a indignação do Brasil ao representante americano. As mensagens, publicadas na internet, contestavam decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente as proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Uma das postagens traduzia declarações do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, nas quais advertia que “os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes”. Beattie acusou o ministro de promover “censura” e “perseguição”, além de responsabilizá-lo por violações de direitos humanos.
No fim de julho, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas contra Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky. A medida foi anunciada como punição por sua atuação nas investigações da tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, que, segundo a Procuradoria-Geral da República, envolvia planos para prender e até assassinar autoridades públicas.
De acordo com a PGR, o ex-presidente Bolsonaro teria pressionado as Forças Armadas para anular o resultado eleitoral. Ele nega as acusações. Além disso, Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), são investigados por possíveis articulações com autoridades dos EUA para impor sanções contra o Brasil, em razão do processo judicial envolvendo o ex-presidente.