Estudantes protestam contra modelo cívico-militar em Minas Gerais

Jovens de Belo Horizonte se mobilizam criticando o modelo cívico-militar em escolas estaduais e questionam a proposta do governo.

Fonte: CenárioMT

Estudantes protestam contra modelo cívico-militar em Minas Gerais
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Estudantes da Escola Estadual Presidente Dutra, em Belo Horizonte, se posicionaram contra a adesão ao modelo cívico-militar, em consulta promovida pelo governo de Minas Gerais. A manifestação ocorreu em quadra poliesportiva da escola, com cartazes e músicas que criticavam a proposta. Um dos questionamentos feitos pelos alunos foi: “Quem educa são professores ou generais?”.

Com cartazes que defendem a autonomia pedagógica, os estudantes expressaram preocupação com a possível militarização do ambiente escolar. Em vídeos divulgados, criticaram a presença de autoridades militares nas escolas e apontaram riscos de abuso de poder.

A mobilização ocorre enquanto o governo realiza uma consulta pública em 728 escolas da rede estadual. A proposta é incluir a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros no cotidiano escolar, sob a justificativa de promover um ambiente mais seguro e colaborativo.

O governador Romeu Zema decidiu suspender temporariamente o processo, alegando baixa participação dos pais devido ao período de férias. A consulta havia começado em 30 de junho e deveria terminar no dia 18 de julho.

Dados apresentados pela Secretaria de Educação apontam queda na evasão escolar em instituições que já aderiram ao modelo, como justificativa para a expansão da iniciativa. Entre 2022 e 2023, a taxa média de abandono caiu de 4,92% para 2,96% nas escolas cívico-militares.

Atualmente, nove escolas em Minas Gerais adotam o modelo. A adesão definitiva, no entanto, dependerá de uma análise técnica após o encerramento da consulta. Mesmo em casos com apoio da comunidade, não há garantia de implementação imediata.

Críticos, como o Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG), contestam os benefícios do modelo. Em relatório baseado em entrevistas, questionários e escutas, a entidade alerta para a falta de transparência no processo de adesão e para o despreparo pedagógico dos militares. O documento também destaca denúncias de agressões, sobretudo contra alunos com transtornos mentais.

Especialistas apontam que o modelo não resolve problemas estruturais, como a ausência de políticas sociais, segurança e estabilidade familiar. Também argumentam que não há evidências científicas que comprovem a eficácia do modelo na aprendizagem ou na redução da violência.

A Secretaria de Educação de Minas Gerais informou que aguarda o encerramento da fase consultiva para definir o número de escolas participantes e o orçamento destinado à implementação.