STF ouve réus do Núcleo 4 acusados de espalhar desinformação

Dois integrantes do Núcleo 4 prestaram depoimento ao STF sobre suspeitas de disseminação de notícias falsas e envolvimento em tentativa de golpe.

Fonte: CenárioMT

Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF) com estátua A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, em primeiro plano.
STF ouve réus do Núcleo 4 acusados de espalhar desinformação - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Dois réus do chamado Núcleo 4, envolvidos em uma suposta trama golpista, foram ouvidos nesta quinta-feira (24) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por videoconferência: o agente da Polícia Federal Marcelo Araújo Bormevet e o ex-major do Exército Ailton Moraes Barros.

Bormevet, que atuou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entre 2019 e 2022, negou ter produzido ou disseminado notícias falsas contra ministros do STF, como Luiz Fux e Luís Roberto Barroso. Segundo ele, as mensagens atribuídas a ele tratavam de conteúdos amplamente divulgados nas redes sociais.

Ele também afirmou que coordenava uma área responsável por “pesquisas relativas a pessoas físicas e jurídicas”, utilizando ferramentas de órgãos como Receita Federal, CGU e Polícia Federal. Negou ter acesso ao sistema First Mile, usado para espionagem política, mas citou que um subordinado o utilizou em outro setor.

Sobre um levantamento envolvendo o fiscal do Ibama Hugo Ferreira, Bormevet afirmou que a solicitação partiu do gabinete da Abin, então sob comando de Alexandre Ramagem, embora não tenha recordado a justificativa.

O ex-major Ailton Moraes Barros também prestou depoimento. Ele negou ter pressionado autoridades militares a aderirem a um golpe de Estado e afirmou que as acusações se baseiam em mensagens que apenas o mencionam. Expulso do Exército em 2008, foi ouvido como cidadão comum.

Barros alegou ter mantido contato visual com o general Braga Netto, candidato a vice-presidente em 2022, e que buscava apoio para projetos na área de segurança pública. Ele também reconheceu ter marcado o general Freire Gomes em uma publicação polêmica para aumentar sua visibilidade e conquistar eleitores, negando intenção de ataque pessoal.

O Núcleo 4 é acusado de promover ações de desinformação contra o processo eleitoral e de atacar autoridades contrárias aos planos golpistas. Os réus enfrentam acusações graves como organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As penas podem ultrapassar 30 anos.

Além de Bormevet e Barros, integram o grupo: Ângelo Denicoli, Giancarlo Rodrigues, Guilherme Almeida, Reginaldo Abreu e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha.

O julgamento foi suspenso para intervalo e será retomado ainda hoje.