Primeira Turma do STF confirma tornozeleira para Bolsonaro apesar do voto de Fux

Ministro Luiz Fux foi o único a divergir da decisão da Primeira Turma do STF, que manteve medidas restritivas contra Jair Bolsonaro.

Fonte: CenárioMT

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter as medidas cautelares aplicadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. A decisão referenda despacho do ministro Alexandre de Moraes, que havia determinado restrições em razão do risco de fuga e de ações que poderiam configurar tentativa de intimidação ao Judiciário.

Único a votar contra, o ministro Luiz Fux argumentou que não houve apresentação de provas novas ou concretas pela Polícia Federal (PF) ou pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que indicassem plano de fuga por parte de Bolsonaro. Por isso, considerou desproporcionais as restrições impostas.

[Continua depois da Publicidade]

O voto de Fux foi registrado menos de uma hora antes do fim da sessão virtual extraordinária da Primeira Turma, iniciada na sexta-feira (19) e concluída às 23h59 de segunda-feira (21). Em sua manifestação, o ministro também reconheceu pressões externas contra o Supremo, mas destacou que a Corte tem demonstrado independência e resistência diante dessas tentativas de intimidação.

Os demais ministros — Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia — mantiveram as cautelares ao entender que Bolsonaro representa risco de obstrução à Justiça e estaria tentando constranger o Supremo a arquivar a ação penal sobre uma suposta trama golpista.

[Continua depois da Publicidade]

Além da tornozeleira, as medidas impostas ao ex-presidente incluem:

  • Recolhimento domiciliar noturno entre 19h e 6h nos dias úteis e integralmente nos fins de semana e feriados;
  • Proibição de acesso a embaixadas e consulados estrangeiros;
  • Vedação de contato com autoridades ou embaixadores de outros países;
  • Proibição de uso de redes sociais, direta ou indiretamente;
  • Proibição de comunicação com Eduardo Bolsonaro e outros investigados da suposta articulação golpista.

Alexandre de Moraes justificou a decisão citando postagens e declarações de Bolsonaro e de seu filho, nas quais defenderam, entre outras medidas, sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. Para o ministro, as falas configuram confissão de crimes como coação no curso do processo, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e até ameaça à soberania nacional.

Na mesma linha, Moraes determinou nesta segunda-feira (21) que a defesa do ex-presidente explique em até 24 horas eventuais descumprimentos das medidas cautelares. A advertência prevê a possibilidade de prisão imediata em caso de nova infração. O ministro também esclareceu que entrevistas concedidas por Bolsonaro não podem ser retransmitidas nas redes sociais.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.