Moraes autoriza acareação entre réus Cid e Câmara na investigação por golpe

Supremo marca acareação entre Mauro Cid e Marcelo Câmara após defesa apontar contradições em depoimentos sobre a trama golpista.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF), 24/08/2023, O tenente-coronel, Mauro Cid, depõe na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quarta-feira (6) a realização de acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Costa Câmara, ambos réus em um dos processos que investigam uma tentativa de golpe de Estado no país.

O encontro entre os dois acusados foi agendado para o dia 13 de agosto, às 11h30, na sede do STF, em Brasília. A solicitação partiu da defesa de Câmara, que apontou inconsistências nas declarações prestadas por Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e um dos delatores do esquema investigado.

Câmara está preso preventivamente no Complexo Penitenciário da Papuda, também em Brasília. Segundo seus advogados, há contradições nas falas de Cid sobre o suposto envolvimento do coronel com minutas de decretos golpistas e reuniões ocorridas no Palácio da Alvorada. A defesa também contesta acusações de que Câmara teria monitorado Moraes e teria conhecimento sobre os reais objetivos de determinadas ordens ligadas ao plano golpista.

Na decisão, Moraes determinou que Câmara seja levado ao Supremo com o uso de equipamento de monitoramento eletrônico e que não tenha contato com ninguém além de seus advogados durante o trajeto e o procedimento.

Em acareação anterior relacionada à mesma investigação, entre Cid e o general Walter Braga Netto, o STF proibiu gravações em áudio e vídeo. O único registro feito foi a ata oficial, sem acesso da imprensa ao conteúdo das falas.

Marcelo Câmara é réu do chamado núcleo 2 da trama, que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), atuava na coordenação logística da tentativa de golpe. Entre suas funções estariam a produção de minutas golpistas e ações contra opositores.

Todos os integrantes desse núcleo foram denunciados pela PGR por cinco crimes: organização criminosa, golpe de Estado, tentativa violenta de abolir o Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Além de Câmara, também são réus no núcleo 2: Filipe Martins (ex-assessor de Bolsonaro), Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF), o general Mário Fernandes, Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do DF) e Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário-adjunto de Segurança do DF).