A Polícia Federal indicou que Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para sua esposa, Michelle Bolsonaro, um dia antes de prestar depoimento sobre a atuação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, em favor de sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
Segundo o relatório da PF, o ex-presidente não informou a transação. Bolsonaro já havia confirmado publicamente outro repasse de R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo nos EUA.
“Vale ressaltar que Jair Bolsonaro omitiu informação à Polícia Federal em seu depoimento sobre outros valores repassados a Eduardo, além dos R$ 2 milhões. Também não há justificativa para a transferência de valores iguais a Michelle apenas um dia antes do interrogatório”, registra o documento.
Ação deliberada
A investigação enviada ao STF concluiu que Bolsonaro agiu de forma deliberada para apoiar seu filho e impedir medidas judiciais que limitassem sua atuação, principalmente entre maio e julho de 2025, período em que se intensificaram as ações de Eduardo no exterior.
Pressão estrangeira
O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para apurar a suposta atuação de Eduardo em incitar o governo dos EUA a tomar medidas contra o ministro Alexandre de Moraes. Nos últimos meses, os Estados Unidos aplicaram sanções financeiras e comerciais contra autoridades e produtos brasileiros.
Eduardo Bolsonaro solicitou licença de 122 dias do mandato em março e mudou-se para os EUA alegando perseguição política. Recentemente, o presidente da Câmara, Hugo Motta, encaminhou à Comissão de Ética um pedido de cassação do parlamentar, motivado por representações do PT e PSOL.