Audiência no STF sobre golpe tem baixa adesão de testemunhas de defesa

Somente cinco das vinte testemunhas arroladas pela defesa compareceram à audiência sobre o chamado Núcleo 2 da trama golpista.

Fonte: CenárioMT

Audiência no STF sobre golpe tem baixa adesão de testemunhas de defesa
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou nesta quinta-feira (17) mais uma audiência da ação penal que investiga o Núcleo 2 da trama golpista, responsável por supostas ações para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições. A sessão teve adesão reduzida: apenas cinco das vinte testemunhas de defesa compareceram.

Os depoimentos estavam relacionados à defesa do coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como coordenador de uma estrutura paralela de inteligência voltada ao monitoramento de autoridades públicas, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

Durante a sessão, uma das poucas testemunhas ouvidas foi o capitão do Exército Osmar Crivelatti, que negou envolvimento com espionagem. “Nunca recebi essa missão”, afirmou. Embora suspeito no caso do desvio de joias do acervo presidencial, Crivelatti não é investigado nesta ação específica.

As audiências seguem até 21 de julho, com depoimentos de testemunhas de defesa. Entre 21 e 23 de julho, será a vez das testemunhas de acusação e defesa do Núcleo 3, acusado de planejar atos extremos como sequestros e assassinatos de autoridades, com o objetivo de provocar comoção social em favor de um golpe.

A defesa dos réus critica a condução do processo, principalmente a decisão de Moraes de não intimar formalmente as testemunhas. O ministro entendeu que a presença em juízo cabe exclusivamente às defesas. Advogados argumentam que essa posição prejudica o exercício pleno do direito de defesa, já que as testemunhas não são obrigadas a comparecer.

A audiência desta quinta-feira foi conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Tamai, do gabinete de Moraes. Os depoimentos ocorrem por videoconferência, sem gravação de áudio ou vídeo, conforme determinação do relator. Apenas jornalistas credenciados acompanham as oitivas, realizadas na sede do Supremo, em Brasília.

O Núcleo 2 da denúncia é composto por Filipe Martins, Marcelo Câmara, Silvinei Vasques, Mário Fernandes, Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira. Já o Núcleo 3 reúne militares de alta patente e um agente da Polícia Federal, investigados por envolvimento em ações radicais para fomentar uma ruptura institucional.