Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, divulgaram nesta quinta-feira (10) uma nota conjunta pedindo diálogo diplomático e comercial diante do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos.
A decisão do ex-presidente americano, anunciada no dia 9 e prevista para vigorar a partir de 1º de agosto, mobilizou o Congresso. A nota das lideranças legislativas foi redigida após cobrança de partidos aliados do governo, afirmando que o Legislativo acompanhará de perto os desdobramentos dessa crise e citando a Lei de Reciprocidade Econômica como ferramenta para proteger os interesses nacionais.
Sancionada em abril, essa lei permite suspender concessões comerciais ou impor restrições a importações e investimentos em resposta a medidas unilaterais que prejudiquem a competitividade brasileira. O texto oficial salienta que esse mecanismo garante ao país condições de resguardar sua soberania em cenário de tensão internacional.
Os presidentes das Casas também destacaram que o Congresso está pronto para agir com equilíbrio e firmeza em defesa da economia e dos empregos brasileiros.
Moção de repúdio
Mais cedo, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, protocolou uma moção de repúdio à decisão de Trump, solicitando o envio do documento ao Itamaraty e à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. O texto classifica a medida como inaceitável e motivada por interesses políticos, afirmando que o gesto busca proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro e atacar instituições democráticas como o Supremo Tribunal Federal.
Na moção, o parlamentar denuncia a medida como afronta direta à soberania brasileira, que pode prejudicar cerca de 10 mil empresas exportadoras e ameaçar milhões de empregos em setores estratégicos como aviação, autopeças, carnes, aço e suco de laranja.
Resposta do governo
Em reação oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que qualquer aumento unilateral de tarifas será enfrentado com base na Lei de Reciprocidade Econômica. Lula reforçou que o Brasil não aceitará tutelas externas, contestando a justificativa de Trump sobre déficit comercial e lembrando que os EUA acumularam superávit de cerca de 410 bilhões de dólares no comércio bilateral nos últimos 15 anos.