Condenação de Bolsonaro pelo STF: impactos históricos, políticos e sociais

Fonte: CenárioMT

Condenação de Bolsonaro pelo STF
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo

O julgamento que marcou a história recente

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal não foi apenas mais um capítulo na já turbulenta trajetória política do país. Foram quatro votos a um, que resultaram em uma pena de 27 anos e 3 meses, decisão que se estendeu também aos demais integrantes do núcleo central da chamada trama golpista. Trata-se de um marco histórico que exige mais do que manchetes rápidas ou análises apressadas: é preciso compreender suas raízes, seus desdobramentos e, sobretudo, o que ele representa para a democracia brasileira.

O peso do passado e o fio condutor do presente

Quem acompanhou o governo Bolsonaro desde os seus primeiros dias não se surpreende tanto com o desfecho. Já em 2019, nos 100 primeiros dias de mandato, observadores atentos identificaram um padrão: o então presidente seguia em “modo campanha”, como se o ato de governar fosse apenas mais uma trincheira de guerra contra inimigos reais ou fabricados.

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Essa estratégia deu origem ao que chamei de “presidencialismo de confrontação”. Uma ruptura em relação ao tradicional presidencialismo de coalizão brasileiro, marcado pela negociação, ainda que imperfeita, entre Executivo e Legislativo. Bolsonaro preferiu a lógica do embate, da ofensa, da crise fabricada. O combustível desse modelo? A transformação do adversário em inimigo e a manutenção de um estado permanente de tensão política.

O DNA do confronto e a engrenagem das redes

O bolsonarismo não nasceu por acaso. Ele se moldou em uma narrativa de confronto, alimentada diariamente pelas redes sociais. O algoritmo transformou discursos inflamados em combustível político. Nas ruas, o grito ecoava; nas telas, multiplicava-se em forma de memes, fake news e pós-verdade.

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O resultado foi a formação de uma bolha ideológica em que milhares de pessoas passaram a ver o mundo por lentes distorcidas: governadores eram inimigos, jornalistas eram traidores, cientistas eram perigosos, ministros do STF eram “usurpadores”. Essa lógica corroeu o espaço democrático do diálogo e reforçou uma mentalidade de guerra permanente.

A pandemia como campo de batalha

Se havia um momento em que o país precisava de união, esse momento foi durante a pandemia da Covid-19. Mas, em vez de cooperação, o que se viu foi uma escalada de ataques: contra vacinas, contra governadores que implementaram medidas sanitárias, contra especialistas em saúde.

No auge das mortes, quando milhares de famílias choravam diariamente, o bolsonarismo continuava firme em seu quadrado de negacionismo. A cada discurso, a cada live, Bolsonaro cavava mais fundo o fosso entre governo e sociedade, ao mesmo tempo em que fortalecia a crença em um poder quase messiânico: o “povo” ao seu lado, os “generais” sob comando, o “exército” pronto para agir.

O ataque à democracia

Esse caminho desembocou no que todos já conhecemos: ataques diretos ao STF, questionamentos às urnas eletrônicas, e, por fim, a tentativa de ruptura institucional. A democracia brasileira, embora resiliente, ficou à beira do abismo. O tecido democrático foi esticado até quase se romper.

Mas, como a história gosta de ensinar, instituições fortes resistem. O julgamento pelo STF não pode ser confundido com vingança, mas sim entendido como resposta institucional a uma ameaça concreta. Não se julgaram apenas indivíduos, mas a violação clara e consciente dos limites da legalidade.

O significado do julgamento

O que se viu foi a reafirmação de um princípio básico: ninguém está acima da lei. Ao condenar Bolsonaro e seus aliados, o Supremo não apenas aplicou uma pena, mas também enviou uma mensagem cristalina à sociedade: a democracia é imperfeita, mas dispõe de mecanismos de correção.

Esse julgamento é um marco. Ele nos lembra de que dive

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