O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, não deve interferir nas negociações comerciais com os Estados Unidos. A declaração foi dada após reuniões com representantes dos setores de mineração e energia, áreas diretamente impactadas pela possível elevação de tarifas por parte do governo Donald Trump.
Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reiterou o compromisso do governo com o diálogo diplomático. Segundo ele, a separação entre os Poderes garante que ações do Judiciário não interfiram em pautas comerciais conduzidas pelo Executivo.
“[A decisão de Moraes] não pode e não deve [afetar as negociações comerciais], porque a separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, afirmou o vice-presidente, destacando que não há relação entre questões jurídicas e tarifárias.
Alckmin evitou comentar detalhes sobre a situação judicial de Bolsonaro, destacando que compete exclusivamente ao Judiciário tratar do caso. A medida do STF inclui o uso de tornozeleira eletrônica, restrição de horários, proibição de uso de redes sociais e contato com embaixadas ou embaixadores. O não cumprimento pode levar à prisão do ex-presidente.
Em relação à ameaça de tarifaço, Alckmin sinalizou que o Brasil priorizará a negociação, recorrendo à Organização Mundial do Comércio (OMC) apenas como último recurso. “Você só pode entrar na OMC com um fato concreto”, explicou, acrescentando que até o momento não houve resposta do governo americano à carta enviada pelo Brasil.
Durante a semana, Alckmin coordenou reuniões com empresários de diferentes setores econômicos para embasar a posição brasileira. Os encontros, segundo ele, contribuíram para fortalecer os argumentos do país nas tratativas com os Estados Unidos. “O caminho é da negociação, mostrando que podemos sair de um perde-perde para um ganha-ganha”, disse.
Ele também destacou que os Estados Unidos possuem superávit comercial com o Brasil no setor de mineração, o que, segundo o vice-presidente, não justifica o aumento das tarifas. “Colhemos uma união nacional em torno da soberania do Brasil, que é inegociável”, concluiu Alckmin.