Marcha das mulheres negras ganha novo capítulo dez anos após primeira mobilização

Em Belém, lideranças negras reforçam agendas de reparação e bem viver enquanto organizam a nova marcha que chegará a Brasília no dia 25.

Fonte: CenárioMT

Marcha das mulheres negras ganha novo capítulo dez anos após primeira mobilização
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Na Praça da República, em Belém, a Black Zone reúne mulheres negras de diversas regiões para encontros, trocas de vivências e debates paralelos à COP30. O espaço amplia as vozes que não participam diretamente das negociações climáticas e também serve de preparação para a Marcha das Mulheres Negras.

A iniciativa homenageia Raimunda Nilma Bentes, a Dona Nilma, artista e ativista que idealizou a marcha de 2015. Ela relembra que a proposta surgiu após debates na Bahia, levando à mobilização que reuniu cerca de 70 mil mulheres em Brasília.

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Dez anos depois, elas retornam aos Poderes da capital com reivindicações semelhantes: reparação e bem viver. Segundo Maria Malcher, coordenadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, a reparação envolve enfrentamento à violência, ao racismo e à xenofobia, além da luta por justiça histórica.

O bem viver, explica Dona Nilma, inclui um projeto político mais amplo, com defesa de uma transição energética justa, combate ao consumismo e priorização do coletivo. No âmbito local, aborda temas como valorização do cuidado, condições dignas de trabalho e maior presença das mulheres negras nos espaços de decisão.

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A COP30, realizada em um contexto em que mulheres negras já sentem os impactos da crise climática, reforça a urgência dessas pautas. A desigualdade socioeconômica e ambiental intensifica os efeitos das mudanças do clima, aponta Dona Nilma.

Para ampliar essa participação, foi criado o Comitê Nacional das Mulheres Negras por Justiça Climática, oficializado em Belém. O grupo reúne 36 organizações e prepara um manifesto que será entregue aos Três Poderes durante a marcha do dia 25.

A programação inclui mais de 50 atividades, entre diálogos globais, encontros de juventudes, debates LGBTQAPN+ e assembleias regionais. Além do documento principal, serão apresentados um manifesto econômico e pesquisas produzidas em parceria com organizações negras.

As mobilizadoras também lançaram uma cartilha organizada por Flávia Ribeiro, material que orienta e incentiva a participação na marcha, resgatando a história do movimento e suas pautas prioritárias.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada. Envie suas sugestões para o email: [email protected]