Justiça considera Daniel Frasson inimputável; parentes de Gleici Oliboni contestam conclusão e alegam que resultado é parcial
Terça-feira, 18 de novembro. Um laudo psiquiátrico apresentado à Justiça concluiu que o engenheiro agrônomo Daniel Frasson, investigado por matar a esposa, a terapeuta capilar Gleici Oliboni, de 42 anos, em junho deste ano, em Lucas do Rio Verde, não tinha plena capacidade de compreender o caráter ilícito da ação no momento do crime. A decisão aponta insanidade mental e considera o réu inimputável. A família da vítima, no entanto, contesta veementemente o resultado e pede que a perícia seja refeita.
O caso ganhou repercussão estadual pela brutalidade e pela gravidade das consequências: além do assassinato da mãe, a filha do casal — uma menina de 7 anos — foi esfaqueada e sobreviveu após 22 dias internada em um hospital particular de Cuiabá. Hoje, ela está sob a guarda da irmã mais velha e segue em acompanhamento psicológico, psiquiátrico, neurológico e cardiológico.
O que diz o laudo psiquiátrico homologado pela Justiça
O documento, elaborado por peritos oficiais, foi homologado pelo Judiciário e considera procedente o incidente de insanidade mental. Segundo o laudo, Daniel seria inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito dos atos, o que o enquadraria juridicamente como inimputável — categoria aplicada a indivíduos que, em razão de transtorno mental, não conseguem entender o que fazem ou determinar-se de acordo com esse entendimento.
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A perícia aponta dois possíveis diagnósticos:
- Psicose não orgânica;
- Transtorno afetivo bipolar em fase aguda.
Com base nesses elementos, o laudo afirma que o investigado não tinha condições mentais plenas no momento em que esfaqueou a esposa e a filha. A decisão abre caminho para que, em vez de pena, o acusado possa ser submetido a medida de segurança — regime voltado ao tratamento psiquiátrico obrigatório.
Família contesta resultado e pede nova perícia
O advogado da família de Gleici, Rodrigo Pouso Miranda, afirma que o documento é “parcial e tendencioso” e já ingressou com pedido de novo exame psiquiátrico por um profissional indicado pela acusação. Ele apresentou embargos de declaração solicitando que o juízo esclareça pontos considerados insuficientes no laudo:
- A ausência de um diagnóstico definitivo;
- A falta de comprovação de que Daniel estivesse em surto no momento exato do crime;
- A necessidade de perícia colegiada, conforme prevê o artigo 182 do Código de Processo Penal.
A defesa da vítima afirma que o laudo se baseia em projeções e não demonstra com clareza o estado clínico do acusado no dia do crime. Também argumenta que a perícia não esgotou as possibilidades de avaliação e que uma nova equipe poderia oferecer visão mais completa sobre o caso.
Filha mais velha critica uso da saúde mental como justificativa
Nas redes sociais, a filha mais velha de Gleici criticou o laudo e destacou que agora é responsável integral pela irmã sobrevivente. Ela relatou a longa rotina de cuidados médicos da criança e classificou o uso da saúde mental como justificativa para um crime violento como “um insulto”.
“Não banalizo saúde mental de forma alguma, mas usá-la como saída para justificar um crime tão cruel é, no mínimo, um insulto”, escreveu em publicação que repercutiu entre moradores de Lucas do Rio Verde e ativistas da região.
Caso segue em análise e pode ter nova reviravolta
Com os embargos de declaração apresentados, o processo aguarda manifestação da Justiça sobre a possibilidade de nova perícia. Se o pedido for aceito, novos especialistas poderão avaliar o estado psiquiátrico de Daniel e determinar se havia, de fato, incapacidade total no momento do crime.
O caso segue sob forte atenção pública em Lucas do Rio Verde e em todo o norte de Mato Grosso, onde episódios de violência doméstica e feminicídio têm reforçado discussões sobre proteção às mulheres e necessidade de políticas mais eficientes de prevenção.
Conclusão
O laudo apontando insanidade mental abre um novo capítulo no caso, mas a contestação da família mantém o debate em aberto. Enquanto a Justiça analisa os questionamentos, a comunidade acompanha com preocupação um processo marcado pela violência extrema e por dúvidas que ainda precisam ser respondidas.
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