Fiéis na Penha rezam por paz após operação policial deixar 121 mortos no Rio

Moradores da Penha buscam conforto espiritual em meio ao medo e à insegurança após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.

Fonte: CenárioMT

Fiéis na Penha rezam por paz após operação policial deixar 121 mortos no Rio
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Na Paróquia Bom Jesus da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, fiéis se reuniram neste Dia de Finados para pedir paz e proteção após uma semana marcada pela violência. As orações também foram dedicadas às famílias das 121 pessoas mortas durante a Operação Contenção, considerada a mais letal da história fluminense.

O padre Marcos Vinícius Aleixo celebrou a missa e afirmou que o clima de tensão afetou até a frequência dos fiéis nas celebrações. “A insegurança reina no bairro. Muitas pessoas têm medo de sair de casa, medo até de vir à missa”, disse. Segundo ele, o som dos tiros e o trauma deixaram marcas profundas na comunidade.

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A igreja está localizada a cerca de um quilômetro da Praça São Lucas, onde foram levados os corpos encontrados em uma área de mata entre os complexos do Alemão e da Penha. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, a operação resultou na morte de 121 pessoas — quatro policiais e 117 civis. Foram cumpridos apenas 20 dos 100 mandados de prisão previstos, além de 180 mandados de busca e apreensão. Outras 93 pessoas foram presas em flagrante.

Moradores relatam sensação de aprisionamento entre o crime organizado e as ações policiais. “A gente não tem sossego. Está encurralada”, contou uma moradora que preferiu não se identificar. Outra moradora afirmou que as restrições impostas por criminosos dificultam o dia a dia e que motoristas de aplicativo evitam entrar no bairro. “Quero tranquilidade. O Uber não quer vir porque é Penha. É absurdo.”

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A operação foi criticada por organizações nacionais e internacionais, incluindo o Conselho de Direitos Humanos da ONU, por suspeitas de abusos policiais. Familiares das vítimas alegam que alguns corpos apresentavam sinais de tortura e afirmam que os mortos tentaram se render. O governo do estado, porém, sustenta que os que se entregaram foram presos e que as mortes ocorreram em confrontos.

Mesmo entre críticas, há quem veja nas ações policiais um esforço para recuperar o controle da segurança. “O Rio está largado, e a operação traz uma sensação de que algo está sendo feito”, comentou outro morador. Para os habitantes da Penha, entretanto, o saldo é de medo e incerteza. “Foi um dia de horror, com muito tiroteio. Quem é morador de bem acaba sofrendo”, lamentou uma mulher. Questionada se acredita em mudanças, respondeu com firmeza: “Nada”.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.