Marcele Oliveira, de 26 anos, é a Campeã de Juventude da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será sediada em Belém (PA). Natural de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, a ativista tem se destacado por conectar as pautas ambientais com as demandas das periferias urbanas. Seu trabalho busca aproximar as decisões globais da realidade dos territórios mais vulneráveis aos impactos da crise climática.
Selecionada entre 154 jovens em um rigoroso processo da ONU, Marcele representa a juventude brasileira em debates internacionais e trabalha para que a justiça climática seja central nas políticas discutidas até o fim da presidência brasileira na conferência, em 2026. Para ela, o movimento é coletivo: “formamos um mutirão para atuar juntos até o final do mandato”, afirmou.
A trajetória de Marcele começou no movimento Parque Realengo Verde, que denunciou o racismo ambiental e defendeu áreas verdes nas periferias do Rio. A partir dessa mobilização, foram criadas políticas públicas que levaram à construção de oito parques urbanos na cidade. “A luta é por qualidade de vida, combate ao calor extremo e às enchentes”, destacou.
Como embaixadora da juventude, Marcele reforça que o trabalho nas comunidades já oferece soluções concretas para a adaptação climática, como hortas comunitárias, tetos verdes e reflorestamento. “A resposta do território já existe, só precisamos que ela seja reconhecida e implementada”, afirma.
Na COP30, ela defende o conceito de mutirão climático, que valoriza o fazer coletivo e imediato. “Todo mundo precisa ser ativista ambiental, porque todos moramos no mesmo planeta. Mas há quem sofra mais com os impactos, e é por essas pessoas que lutamos por justiça climática”, declarou.
Sobre a expectativa para o evento, Marcele espera que o Brasil lidere as negociações com foco na implementação prática dos acordos e no financiamento de políticas de adaptação. Ela defende que a conferência priorize o Fundo de Florestas Tropicais e amplie os recursos para os países mais afetados. “A adaptação climática precisa considerar os saberes ancestrais e o protagonismo de jovens e mulheres”, ressaltou.
O sonho de longo prazo da ativista é que o país deixe o “mapa do risco climático”, assim como já saiu duas vezes do mapa da fome. “Se o Brasil avançar, deve levar consigo a América Latina e o Sul Global, em diálogo com o Norte Global. A COP30 pode ser o marco de uma geração que fez do mutirão climático uma transformação real”, concluiu.




















