O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, reconheceu nesta terça-feira (28) que a Operação Contenção, realizada pelas forças de segurança nos complexos do Alemão e da Penha, excedeu as competências do governo estadual. Segundo ele, a ação continuará enquanto for necessária para proteger a população.
“Entendo que estamos excedendo nossas competências, mas continuaremos. Se for preciso ir além, o faremos”, afirmou Castro ao apresentar um balanço preliminar da operação, que já deixou 64 mortos — entre eles quatro policiais —, mais de 80 presos e 75 fuzis apreendidos, além de pistolas e granadas.
O governador cobrou maior apoio federal no enfrentamento às organizações criminosas e declarou que o Rio atua “sozinho nesta guerra”. Em suas palavras, a operação “tem caráter de defesa” diante do poder bélico das facções, e o uso das Forças Armadas deveria ser considerado.
Castro explicou que a operação foi planejada por seis meses, com base em mais de um ano de investigações, e teve aval judicial e acompanhamento do Ministério Público estadual. Apesar disso, o governo não pediu apoio federal, após três solicitações anteriores de veículos blindados terem sido negadas.
O Ministério da Defesa confirmou que o pedido de apoio logístico da Marinha, feito em janeiro, foi analisado pela Advocacia-Geral da União, que condicionou o atendimento à decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que exigiria um decreto presidencial.
Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que agentes da Força Nacional atuam no Rio desde 2023, apoiando operações estaduais. Apenas em 2025, a Polícia Federal realizou 178 operações no estado, apreendendo 190 armas e 10 toneladas de drogas. A Polícia Rodoviária Federal também intensificou o combate ao roubo de cargas e veículos nas rodovias.
O ministério destacou ainda que, entre 2016 e 2024, o estado recebeu mais de R$ 99 milhões do Fundo Penitenciário Nacional, dos quais cerca de R$ 39 milhões foram utilizados. Do Fundo Nacional de Segurança Pública, foram repassados quase R$ 288 milhões entre 2019 e 2025, com execução de R$ 157 milhões.
“Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada”, afirmou a pasta, destacando que o caso reforça a importância da proposta de emenda constitucional que busca ampliar a integração federativa na segurança pública.
