Nesta segunda-feira (20), a TV Brasil exibe, às 23h, um episódio do Caminhos da Reportagem com o tema A Vida Depois do Acolhimento. O programa apresenta relatos de jovens que, após completarem 18 anos em casas de acolhimento, enfrentam os desafios da vida adulta.
O Brasil possui mais de 35 mil crianças e adolescentes em cerca de 8 mil instituições de acolhimento. Essas medidas são aplicadas em casos de vulnerabilidade extrema, incluindo abandono, maus-tratos e violência sexual.
Izabel Freitas, assistente social da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, ressalta que a necessidade de acolhimento surge muitas vezes por negligência familiar e falhas do Estado na proteção infantil.
Julia Matinatto, doutora em psicologia, explica que o direito à convivência familiar é garantido, mas, em situações excepcionais, a criança é afastada de sua família.
Entre os casos retratados está Valéria Damasceno, institucionalizada ainda bebê devido ao uso de drogas pelos pais. Atualmente adulta, Valéria mora com o irmão após passar por diversas instituições e tentativas frustradas de reintegração familiar.
Como funciona o acolhimento?
Patrícia Braga, presidente da instituição Nosso Lar, detalha que o processo envolve estudo de caso em rede com órgãos como Conselho Tutelar, Vara da Infância, Creas e CRAS. O objetivo inicial é sempre o retorno da criança à família de origem. Caso isso não seja possível em até dois anos, a criança é incluída no Cadastro Nacional de Adoção.
Dados do Sistema Nacional de Adoção indicam que poucas crianças são efetivamente adotadas. Em outubro de 2025, de 5.869 em processo de adoção, apenas 405 encontraram um novo lar desde 2019.
Maioridade e transição
O programa Novos Caminhos, do Poder Judiciário, busca oferecer oportunidades para jovens em acolhimento, garantindo uma transição segura para a vida adulta. A juíza Cláudia Catafesta destaca a importância do cuidado e proteção em parceria com tribunais de todo o país.
Projetos de sucesso
O episódio também apresenta a organização Aconchego, em Brasília, que oferece o projeto Centelha, atendendo mais de 100 jovens desde 2019. O projeto promove autonomia com cursos profissionalizantes e oportunidades de trabalho. Raone, de 19 anos, é um exemplo de jovem que conseguiu se reintegrar à sociedade, trabalhando em uma barbearia e sonhando com música e poesia.
Famílias acolhedoras
Além do acolhimento institucional, o programa aborda o modelo de família acolhedora, onde crianças vivem temporariamente em residências, recebendo afeto e estabilidade.
Sirlete de Paula Moreira, que atua como família acolhedora, relata experiências transformadoras com crianças de diferentes idades, mostrando a importância do vínculo e do cuidado durante o período de acolhimento.