O relatório da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, referente a 2024, traçou o perfil das mulheres que mais procuram atendimento nas unidades da cidade. Segundo o estudo, 58% das vítimas possuem renda de até três salários-mínimos, e cerca de 49% vivem em situação de moradia instável ou precária, fatores que podem intensificar a dependência econômica e emocional.
A maior parte das vítimas está na faixa etária de 30 a 49 anos, é parda, e 62% possuem ensino médio completo. Entre as ocupações, as donas de casa aparecem em primeiro lugar, seguidas por estudantes e estagiárias.
Quanto aos agressores, a maioria são homens com quem mantiveram relacionamento: 62% dos casos envolvem ex-companheiros ou parceiros estáveis, sendo que 41% das relações duraram de três a dez anos.
Das 2.956 mulheres analisadas, 58% vivem com até três salários-mínimos, muitas vezes complementados por programas sociais. Em relação à moradia, 50% possuem casa própria, 20% pagam aluguel e 19% vivem de favor, revelando que quase metade enfrenta algum grau de instabilidade habitacional.
Em termos de faixa etária, 55% têm entre 30 e 49 anos, 25% entre 18 e 29, 13% entre 50 e 60, enquanto mulheres acima de 60 e adolescentes de 12 a 17 representam menos de 8%.
Sobre a autodeclaração de cor, 32% se identificaram como pardas, 23% brancas, 20% pretas, 1% indígena, menos de 0,20% amarela, e 24% não souberam informar. Esses números indicam subnotificação e reforçam a necessidade de políticas voltadas à proteção racial, especialmente considerando que mulheres negras estão entre as principais vítimas de violência no Brasil.
O estudo destaca ainda que 42% dos agressores são ex-companheiros, 11% companheiros e 9% namorados ou ficantes. A escolaridade das vítimas varia: 62% têm ensino médio completo, 27% ensino superior, 8% fundamental e 1% não foi alfabetizada, demonstrando que a violência não se restringe a mulheres com menor instrução.
Segundo a titular da unidade, delegada Judá Marcondes, o levantamento não aprofunda a análise da independência financeira das mulheres, um fator que pode influenciar a permanência em relações abusivas.
Quanto ao perfil ocupacional, mulheres que se consideram donas de casa representam 8,3% das vítimas, seguidas por estudantes e estagiárias (6,2%) e auxiliares (5,5%). Em relação à orientação sexual, 84% se declararam heterossexuais, e a maioria é solteira (42%), enquanto casadas ou conviventes somam 28%.
Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas específicas em Mato Grosso para enfrentar a violência contra mulheres, considerando fatores socioeconômicos, raciais e de vulnerabilidade habitacional.