Arquitetura Africana inspira artistas no Festival Artes Vertentes

A 14ª edição do Festival Artes Vertentes, em Minas Gerais, destaca como a herança africana influencia a arte contemporânea e a reflexão sobre sustentabilidade.

Fonte: CenárioMT

Arquitetura Africana inspira artistas no Festival Artes Vertentes
Arquitetura Africana inspira artistas no Festival Artes Vertentes - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Festival Artes Vertentes, em Tiradentes, Minas Gerais, traz à tona a influência das heranças africanas na arquitetura, modos de vida integrados à natureza e organização coletiva. Esses elementos inspiram artistas e pesquisadores que participam do evento, evidenciando soluções sustentáveis para o presente e o futuro.

Entre os participantes, a poeta, fotógrafa e colagista Wendie Zahibo estuda as heranças espirituais e arquitetônicas de diferentes povos africanos e da diáspora em países como Brasil, Estados Unidos, Costa do Marfim e Guadalupe. Ela destaca que os modos de habitar desses povos oferecem lições essenciais para enfrentar a crise climática.

Nascida em Marselha, França, de pai da Costa do Marfim e mãe da República Centro-Africana, Zahibo estudou na Harrington College de Design, em Chicago, e na Sorbonne, em Paris. Atualmente, vive em Guadalupe, no Caribe.

O projeto Masonn, iniciado por Zahibo em 2022, reúne heranças espirituais e características arquitetônicas, envolvendo artistas em performances, colagens e instalações. O objetivo é resgatar o conhecimento ancestral para criar espaços e formas de arquitetura mais conectados com o meio ambiente.

Em entrevista, a artista defende que eventos como a COP 30, que será sediada pelo Brasil, podem promover modelos de vida mais sustentáveis, destacando a necessidade de inclusão de mulheres, negros, indígenas e classes trabalhadoras nas discussões globais.

Imaginação

Zahibo acredita que o acesso à arte deve ser incentivado desde a infância, promovendo cidadania e empoderamento. Para ela, a imaginação é um músculo que precisa ser exercitado para criar liberdade e expressar sonhos, especialmente em contextos desafiadores.

Segundo a artista, sua descoberta como artista ocorreu há 11 anos, ao visitar o Museu Afro Brasil, em São Paulo, onde se conectou com a história e a arte de povos que compartilham sua ancestralidade.

Atuação em conjunto

O artista e educador Dinho Araújo ressalta a importância da atuação coletiva de artistas e comunidades, considerando a organização coletiva e as manifestações culturais africanas como pilares de suas ações. Segundo ele, o coletivo fortalece a conexão com a memória ancestral.

O curador Deri Andrade destaca a relevância de catalogar e divulgar artistas negros, exemplificado pelo Projeto Afro, que organiza e promove o trabalho de artistas negros em todo o Brasil.

Festival

A 14ª edição do Festival Artes Vertentes tem como tema Entre as margens do Atlântico, promovendo um diálogo entre América, África e Europa. A programação, que segue até 21 de setembro, inclui atividades em Tiradentes, São João del Rei e Bichinho, com mostras de cinema e exposições que abordam memória, ancestralidade e resistência. A maior parte das atividades é gratuita.