Riscos modificáveis estão ligados a quase 60% dos casos de demência no Brasil

Estudo da USP aponta que fatores como baixa escolaridade, perda visual e depressão contribuem significativamente para a demência entre idosos brasileiros.

Fonte: CenárioMT

Riscos modificáveis estão ligados a quase 60% dos casos de demência no Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou que fatores de risco modificáveis estão associados a quase 60% dos casos de demência no Brasil. Entre os principais fatores estão a baixa escolaridade na infância, a perda de visão não tratada e a depressão.

Fatores modificáveis são aqueles que podem ser prevenidos ou atenuados por políticas públicas, ações de saúde ou cuidados individuais, diferindo de aspectos como envelhecimento ou predisposição genética, que também influenciam o desenvolvimento da doença.

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De acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência do Ministério da Saúde, estima-se que entre 12,5% e 17,5% da população idosa brasileira apresentem algum tipo de demência, percentual que cresce conforme a população envelhece.

Os pesquisadores destacam que estratégias de saúde pública focadas na educação desde a infância, cuidados oftalmológicos e ampliação da assistência à saúde mental podem reduzir de forma significativa a incidência da doença, especialmente entre populações vulneráveis.

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A pesquisa avaliou 14 fatores de risco modificáveis utilizando dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Somados, esses fatores correspondem a 59,5% dos casos de demência no país, acima da média mundial de 45%.

Principais fatores de risco

Baixa escolaridade no início da vida lidera a lista, associada a 9,5% dos casos, seguida pela perda visual na velhice, com 9,2%, e pela depressão na meia-idade, com 6,3%.

Outros 11 fatores que contribuem para a demência incluem:

  • isolamento social;
  • poluição do ar;
  • traumatismo cranioencefálico;
  • hipertensão;
  • diabetes;
  • obesidade;
  • sedentarismo;
  • tabagismo;
  • consumo excessivo de álcool;
  • perda auditiva;
  • colesterol elevado.

A educação inicial aumenta a reserva cognitiva, criando novas conexões neurais que ajudam o cérebro a compensar danos futuros. A perda visual impacta a estimulação cerebral, reduzindo a capacidade de processamento de informações externas, enquanto a depressão limita a motivação para atividades cognitivamente desafiadoras e pode causar desequilíbrios biológicos que afetam os neurônios.

Desigualdades e prevenção

O estudo aponta que baixa escolaridade e perda visual não tratada têm maior efeito em regiões mais pobres e entre pessoas negras. Medidas preventivas individuais e políticas públicas direcionadas podem reduzir o risco de demência.

Segundo a professora Cláudia Suemoto, da USP, “a prevenção deve começar cedo e se estender ao longo da vida“, incluindo intervenções em educação, saúde mental e controle de fatores cardiovasculares. O manejo de condições como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, e perda sensorial também contribui para a prevenção da doença.

Colaborou Ana Cristina Campos

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.