A Polícia Federal (PF) confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve acesso prévio ao conteúdo da defesa do general Mário Fernandes, um dos réus no processo sobre a trama golpista, atualmente analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório da PF indica que, durante as investigações que resultaram no indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foi apreendido o celular do ex-presidente, onde foi encontrado um documento com forte semelhança ao protocolado pela defesa do general.
Segundo o relatório, o arquivo encontrado no aparelho de Bolsonaro tem o mesmo número de páginas que o apresentado ao STF e foi registrado pela defesa aproximadamente uma hora após a criação do documento no celular do ex-presidente.
“Tendo em vista a notória semelhança entre o conteúdo do arquivo encontrado no aparelho celular do ex-presidente com aquele protocolado nos autos da PET 12.100/DF pela defesa do réu Mário Fernandes, evidencia-se que Jair Messias Bolsonaro teve acesso prévio ao conteúdo relacionado à defesa do general Mario Fernandes”, destaca o relatório.
As medidas cautelares impedem que os réus mantenham contato ou troquem informações entre si. O relatório ainda afirma que a submissão prévia de documentos revela a manutenção de uma estrutura hierárquica e vínculo entre os investigados, mesmo após as restrições impostas.
Durante o governo Bolsonaro, Fernandes atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e foi responsável pela criação de um arquivo intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que a PF indica conter planejamento para ataques a autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, o presidente eleito Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Segundo a PF, Fernandes afirmou que Bolsonaro teria dado aval para ações golpistas até o final de seu mandato, em 31 de dezembro de 2022. No entanto, o general alegou que o documento era apenas um “pensamento digitalizado” e negou qualquer intenção de execução do plano.
Defesa
A defesa de Bolsonaro declarou ter sido surpreendida com o indiciamento e se comprometeu a prestar esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes.