Quilombolas em Goiás enfrentam ameaças e conflitos por disputa de terras

Pesquisadores do Incra relataram ameaças de grileiros durante estudos em área quilombola em Santo Antônio do Descoberto (GO), onde a comunidade resiste a pressões e decisões judiciais.

Fonte: CenárioMT

Quilombolas em Goiás enfrentam ameaças e conflitos por disputa de terras
Quilombolas em Goiás enfrentam ameaças e conflitos por disputa de terras - Foto: Ricardo Alvez

Pesquisadores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) denunciaram ter sofrido ameaças de grileiros enquanto realizavam estudos na comunidade conhecida como Antinha de Baixo, em Santo Antônio do Descoberto (GO). O trabalho busca confirmar se a região pode ser reconhecida oficialmente como território quilombola, identificado pelos moradores como “Antinha dos Pretos”.

Segundo o Incra, os ataques são atribuídos a grupos com interesse nas terras, inclusive com participação de figuras políticas. Para garantir a continuidade do processo, o órgão solicitou apoio de instituições de justiça e forças de segurança. A Polícia Militar de Goiás afirmou atuar de forma preventiva, mas disse não ter recebido solicitação formal sobre o caso.

A tensão aumentou após decisão da Justiça estadual determinar a desocupação de 32 imóveis, contrariando pedido da comunidade de que o caso fosse remetido à Justiça Federal. Dias depois, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a ordem, reconhecendo a competência federal no processo. Apesar disso, moradores denunciaram que pelo menos dez casas foram destruídas por tratores a mando de beneficiários da decisão.

Entre os apontados pela comunidade estão os irmãos Murilo e Breno Caiado, respectivamente fazendeiro e desembargador, primos do governador Ronaldo Caiado. O governo estadual afirmou que o chefe do Executivo não é parte do processo e não comentaria sobre decisões judiciais.

Lideranças locais relatam que a situação trouxe medo e insegurança. Moradores dizem ver homens armados circulando pela comunidade, enquanto tentam preservar a memória dos antepassados e manter a produção agrícola de subsistência, como milho, feijão e rapadura. Para muitos, o território é mais que um espaço físico: representa história, identidade e sobrevivência cultural.

Mesmo com a suspensão da desocupação, famílias quilombolas seguem apreensivas diante de novos episódios de violência e afirmam que a luta pela posse da terra continua sendo marcada por ameaças e disputas judiciais.

Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.