O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais repudiaram neste sábado (9) as declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos EUA, Christopher Landau, que acusou um ministro do STF de “usurpar poder ditatorial” ao supostamente ameaçar líderes de outros Poderes. O Itamaraty classificou a fala como um ataque frontal à soberania e à democracia brasileiras, lembrando que é a segunda manifestação hostil do governo norte-americano em três dias.
Em nota, o ministério destacou que o Brasil rejeita qualquer ingerência externa e reagirá sempre que for alvo de informações falsas. A ministra Gleisi Hoffmann também condenou as declarações, chamando-as de “arrogantes” e uma “gravíssima ofensa” ao país e ao Supremo. Segundo ela, os três Poderes atuam de forma unida para defender a Constituição e rechaçar tentativas de golpe.
Landau afirmou que um magistrado teria destruído a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos, e que é possível negociar com líderes do Executivo e Legislativo, mas não com um juiz. A publicação, originalmente em inglês, foi traduzida e divulgada pela Embaixada dos EUA no Brasil.
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada norte-americana, Gabriel Escobar, para manifestar indignação com o tom das recentes postagens de Washington. Nos últimos dias, autoridades dos EUA ameaçaram membros do Judiciário brasileiro e impuseram sanções contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, além de adotar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O governo Trump critica decisões do STF envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e medidas de bloqueio de conteúdo em plataformas digitais.