O aumento do uso de motocicletas para transporte de passageiros por aplicativos representa um risco iminente à segurança viária, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O técnico Erivelton Guedes, doutor em engenharia de transportes, destaca que a regulamentação pode gerar falsa sensação de segurança, enquanto os acidentes tendem a crescer.
Serviços como Uber Moto e 99Moto já somam milhões de viagens no Brasil, muitas vezes em condições precárias de proteção. Dados do Atlas da Violência 2025 mostram que as mortes no trânsito subiram de 31.945 em 2019 para 34.881 em 2023, com aumento expressivo nos casos envolvendo motocicletas.
Além da exposição física, a falta de vestimenta adequada agrava o risco de lesões fatais ou incapacitantes. Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet, alerta que a probabilidade de morte em acidentes com motos é 17 vezes maior que em carros. Situações aparentemente simples, como quedas em baixa velocidade, já causam fraturas e afastamento prolongado do trabalho.
Pesquisadores apontam que a falta de transporte público eficiente nas periferias estimula o uso de motos como alternativa de mobilidade. A proibição, no entanto, penalizaria as camadas mais pobres, reforçando a necessidade de políticas públicas que ampliem opções seguras de deslocamento.
As empresas afirmam investir em segurança. A Uber cita medidas como verificação de identidade por selfie, seguro para passageiros e monitoramento de velocidade. Já a 99 informa que 0,0003% das viagens registraram acidentes, com orientações sobre conduta segura para condutores e passageiros.
Apesar das iniciativas, especialistas alertam que a pressão econômica e a falta de alternativas tornam o avanço do mototáxi inevitável, mantendo elevado o potencial de tragédias no trânsito brasileiro.