Duas centrais clandestinas de internet foram desativadas e centenas de equipamentos apreendidos durante operação da Polícia Civil nesta terça-feira (5), na zona norte do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.
A ação, batizada de Operação Rede Obscura, teve como foco a repressão ao fornecimento ilegal de internet em comunidades dominadas por facções criminosas. Um homem foi preso em flagrante por receptação, após serem encontrados com ele 200 modens e cabos pertencentes a operadoras regulares. Outras duas pessoas foram levadas à delegacia para prestar depoimento.
A ofensiva foi conduzida pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e contou com apoio da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil. Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão.
As investigações identificaram a atuação de duas empresas clandestinas associadas às facções Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro. Uma delas operava no Morro do Quitungo, em Brás de Pina, enquanto a outra atuava principalmente em Cordovil e na Cidade Alta. Ambas contavam com apoio armado para impedir a entrada de operadoras legalizadas, sabotando redes técnicas e destruindo cabos de fibra óptica.
Moradores eram forçados a contratar serviços de TV e internet explorados pelos traficantes, mediante pagamento mensal às facções. A apuração revelou ainda a existência de postos de vigilância armada, que restringiam o acesso institucional e garantiam a proteção do esquema.
Em um episódio ocorrido em fevereiro, técnicos de uma empresa clandestina foram flagrados em atividade nas proximidades do Morro do Quitungo. Minutos depois, uma operadora regular reportou queda abrupta de sinal, posteriormente atribuída ao rompimento proposital de cabos.
O responsável por uma das empresas clandestinas, ligado ao Comando Vermelho, tem histórico criminal por tráfico e receptação e afirmou, em depoimento, já ter sido procurado por outras facções para expandir o serviço. Ele também admitiu fazer pagamentos mensais a líderes do tráfico sob a justificativa de “contribuições comunitárias”.
No caso da empresa associada ao Terceiro Comando Puro, o proprietário foi preso por receptação qualificada. Cabos de operadoras foram encontrados em um galpão, além de equipes de instalação formadas por pessoas sem vínculo empregatício ou habilitação adequada. Em março, sete pessoas foram detidas durante outra fase da investigação, incluindo uma funcionária flagrada em plena atividade clandestina.
O material apreendido nesta última operação será submetido a perícia, com análise da inteligência policial, para subsidiar novas diligências e identificar todos os envolvidos no esquema criminoso.