O escritor e pesquisador Bruno Paes Manso é o convidado da edição desta terça-feira (5) do programa DR com Demori, exibido às 23h na TV Brasil. Em entrevista, ele analisa a estrutura e expansão das milícias no país, destacando suas relações com o tráfico de drogas, a política e o sistema penitenciário.
Especialista em segurança pública, Paes Manso afirma que as milícias surgiram como uma forma de autodefesa contra traficantes em áreas como a zona oeste do Rio de Janeiro. Com o tempo, passaram a explorar economicamente essas regiões e a influenciar o cenário político local. “Elas conseguem eleger representantes com o apoio dos territórios controlados”, explica.
Segundo ele, há atualmente uma cooperação entre milicianos e operadores do jogo do bicho, antes rivais. “Eles perceberam que a diplomacia gera mais lucro do que o conflito. Isso é recente, coisa dos últimos 15 anos”, pontua.
Durante a conversa, o escritor também revisita a trajetória do Primeiro Comando da Capital (PCC), destacando a força da facção ao transformar sua atuação em uma “visão empreendedora do crime”. “O PCC surgiu com um discurso de classe e se fortaleceu nas prisões”, resume.
Paes Manso critica a precariedade do sistema penitenciário brasileiro, que, segundo ele, acaba estimulando o poder das facções. “Com recursos escassos, o Estado deixa o controle nas mãos dos próprios presos, criando uma espécie de autogestão do crime”, afirma.
O pesquisador também chama atenção para o impacto das tecnologias no crime organizado. “Hoje, é possível lavar bilhões de reais com um clique, por meio das redes sociais e apostas online. É um novo cenário que exige novas abordagens”, alerta.
Após a exibição na TV Brasil, o programa estará disponível em plataformas de vídeo e podcast.
DR com Demori é um programa de entrevistas da TV Brasil que promove conversas aprofundadas com figuras relevantes do cenário nacional e internacional. Já participaram da atração nomes como Gilmar Mendes, Erika Hilton, José Dirceu, Caio Blat, Zélia Duncan e Roger Waters.