Diante do cenário de insegurança no campus de Cuiabá, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) realizou, na quinta-feira (31), uma reunião decisiva com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), Centros Acadêmicos e representantes da Reitoria. Durante o encontro, a gestão recebeu oficialmente a Carta Compromisso pela Segurança, construída de forma coletiva pelo movimento estudantil e contendo dez propostas voltadas à proteção da comunidade universitária.
“A segurança não se resume a iluminação ou policiamento. É acolhimento, presença e infraestrutura que funcione para todos”, destacou a reitora Marluce Souza e Silva. “Esse encontro marca um passo essencial na construção de uma universidade mais segura, integrada e humana.”
Dez propostas e um pacto
Entre os pontos apresentados na Carta estão a criação de um comitê permanente de segurança com participação estudantil, paridade nos conselhos deliberativos, reestatização da vigilância, instalação de botões de pânico com foco em mulheres e LGBTQIAPN+, além de melhorias estruturais como iluminação, transporte e infraestrutura. A reitoria confirmou a aceitação integral do documento.
“Estamos comprometidos em executar as medidas apresentadas com transparência e responsabilidade institucional. Não é apenas uma carta recebida — é um pacto com nossa comunidade”, reforçou a reitora.
Ações em andamento
Durante a reunião, a UFMT apresentou medidas já em curso, como a adesão ao programa estadual Vigia Mais, que permitirá videomonitoramento em tempo real integrado à Secretaria de Segurança Pública. Também foi anunciada a criação de um aplicativo com botão de pânico digital exclusivo para o ambiente universitário.
Outras ações incluem:
- Troca de mais de mil luminárias em Cuiabá, Sinop e Araguaia;
- Retomada das obras do Centro de Vivência, paradas há 11 anos;
- Reabertura da guarita 2 para garantir acesso digno à Casa do Estudante;
- Ampliação do transporte interno com novos motoristas e extensão do horário do “ligeirinho”;
- Reestruturação da Secretaria de Direitos Humanos, com foco em assédio e apoio psicossocial.
Estudantes ouvidos, gestão mobilizada
O coordenador geral do DCE, Rafael Ribeiro, considerou o encontro um avanço na relação entre gestão e comunidade acadêmica. “Queremos uma universidade menos burocrática e mais empática. A insegurança é real, mas agora vemos disposição para o diálogo. Isso nos dá esperança.”
Rafael enfatizou ainda que a responsabilidade institucional vai além dos muros do campus. “Se uma estudante sofre violência após sair da UFMT, mas esteve aqui, a universidade tem responsabilidade, sim.”
Para Luiz Paulo, estudante de Arquitetura e Urbanismo, segurança está diretamente ligada à ocupação ativa dos espaços. Ele propôs que ambientes como o bosque entre o ICHS e o MACP sejam transformados em pontos de convivência. “Espaços usados e cuidados tornam-se mais seguros. Precisamos resgatar o projeto original da UFMT como um campus vivo.”
Cursos como Arquitetura, Geologia, Geografia e Psicologia também podem contribuir com projetos que integrem pesquisa, extensão e cuidado com o território universitário.
Gestão reafirma compromisso
O prefeito do campus, Paulino Simão, confirmou o avanço da reestruturação do sistema de vigilância e que o campus Jardim Itália também será contemplado. Já o superintendente do Hospital Universitário Júlio Müller, Reinaldo Gaspar da Mota, ressaltou a importância da construção de uma cultura de paz. “Segurança vai além da repressão. É preciso enfrentar desigualdades e promover empatia.”
Escuta permanente
Ainda na quinta-feira (31), a reitoria realizou uma coletiva de imprensa para apresentar detalhes sobre as ações e medidas anunciadas. A reitora garantiu que a escuta à comunidade será contínua e que casos de assédio serão tratados com prioridade.
“Nosso gabinete está de portas abertas. Basta procurar. Estamos aqui para ouvir, corrigir a rota e caminhar juntos. Nosso plano de gestão foi construído com vocês. E será executado com vocês”, afirmou Marluce Souza e Silva.