Escultura homenageia Marielle Franco com 11 metros de altura na Uerj

Obra monumental de Paulo Nazareth celebra o legado da vereadora no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: CenárioMT

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2025 - Instituto Marielle Franco inaugura escultura de Marielle na UERJ. A escultura “Marielle Franco – Corte Seco”, do artista contemporâneo Paulo Nazareth, foi criada em 2
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Uma escultura de 11 metros de altura em homenagem à vereadora Marielle Franco foi inaugurada no campus principal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A cerimônia ocorreu um dia após o aniversário da parlamentar, assassinada em 2018, e contou com a presença de seus familiares.

Assinada pelo artista Paulo Nazareth, a obra mistura madeira, metal e alumínio e integra a série “Corte Seco”, com retratos em grande escala de figuras negras. A instalação faz parte do evento Julho das Pretas, que promove ações contra o racismo e em defesa da justiça social.

Marinete da Silva, mãe de Marielle, destacou a dimensão simbólica da escultura, que equivale a um prédio de quatro andares. “Ver Marielle nesse tamanho é ver o quanto ela tem sido gigante nesse processo, tanto de educação como de igualdade para todos”, disse.

O pai da vereadora, Antonio Francisco da Silva Neto, lembrou a participação da filha em eventos da universidade. A Uerj também teve papel importante na vida da família: a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é ex-aluna da instituição, e Luyara Franco, filha de Marielle, atualmente cursa educação física no local.

Luyara, que também dirige o Instituto Marielle Franco, destacou o caráter inspirador da homenagem. “Muitas pessoas se inspiram e vão continuar se inspirando nela”, afirmou. A ministra Anielle Franco não participou da cerimônia por compromissos oficiais.

Marinete reforçou o elo de Marielle com a educação e com a favela da Maré, onde nasceu e cresceu. “Era uma mulher periférica, uma mestra da periferia”, declarou. Representando a reitoria da Uerj, o pró-reitor Daniel Pinha afirmou que a obra perpetua a memória e os valores defendidos pela vereadora.

Matheus Balo, coordenador do Diretório Central dos Estudantes, ressaltou a identificação dos estudantes com Marielle e o compromisso da Uerj com políticas de inclusão. A universidade conta com mais de 32 mil alunos e reserva 45% de suas vagas a cotistas.

A escultura permanecerá no campus por pelo menos um ano, em regime de comodato. Ela foi criada originalmente para a 34ª Bienal de São Paulo, em 2021.

O Julho das Pretas também incluiu a Marcha das Mulheres Negras, realizada em Copacabana, e o Festival Latinidades, em Brasília.

Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018. A Justiça já condenou os ex-policiais Ronnie Lessa, autor dos disparos, e Élcio de Queiroz, que dirigia o carro. Ambos somam penas superiores a 130 anos. Também foram condenados por obstrução de Justiça o ex-PM Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira, por dificultarem as investigações com informações falsas.

O ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, o Suel, e Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, também foram implicados por envolvimento logístico no crime. Os mandantes, segundo a investigação, são o ex-vereador Chiquinho Brazão, o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, atualmente réus no Supremo Tribunal Federal.