Coronel nega participação em golpe e afirma que reunião era confraternização

Durante depoimento ao STF, coronel Bernardo Romão Correa Neto disse que encontro com outros militares foi apenas uma reunião informal, sem teor conspiratório.

Fonte: CenárioMT

Brasília - 22.05.2023 - Foto da Fachada do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil/Arquivo
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil/Arquivo

O coronel Bernardo Romão Correa Neto, investigado por suposta participação em uma trama golpista para manter Jair Bolsonaro no poder, negou qualquer envolvimento com ações de ruptura institucional. Em depoimento prestado nesta segunda-feira (28) ao Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a reunião com outros militares, conhecida como ‘kids pretos’, foi apenas uma confraternização informal entre colegas das Forças Especiais.

“O que houve na verdade foi um encontro de amigos das Forças Especiais. Não houve organização. Esses encontros ocorrem espontaneamente quando há várias pessoas reunidas numa guarnição”, declarou o coronel.

Segundo ele, a reunião ocorreu em 28 de novembro de 2022, durante uma missão em Brasília. O local escolhido teria sido um salão de festas com paredes de vidro, onde foram servidos pizza e refrigerantes. “Impossível que um planejamento de Forças Especiais seja feito dessa forma”, alegou.

Correa Neto também foi questionado sobre uma carta enviada a um colega, na qual fazia críticas ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, por não aderir ao suposto plano golpista. O coronel explicou que apenas repassou o conteúdo, retirado de um grupo de mensagens do qual fazia parte, mas sem participar ativamente.

Durante o depoimento, ele negou que o documento tenha sido elaborado no encontro com os ‘kids pretos’. Sobre mensagens enviadas ao tenente-coronel Mauro Cid, com conteúdo cifrado, o militar alegou tratar-se de desabafos pessoais. “Sou um militar alegre, gosto de conversar. Aquilo era só preocupação com o país”, afirmou.

Em uma das mensagens, o coronel falava sobre a necessidade de “influenciar” o alto comando das Forças Armadas. Ele alegou que a palavra “positivamente” foi omitida pela Polícia Federal em seu relatório, e que sua intenção era apenas esclarecer os comandantes quanto à realidade do país, diante da expectativa gerada pelas manifestações em frente aos quartéis. “Nunca vou ser a favor de uma ruptura ou golpe de Estado”, concluiu, pedindo desculpas ao Exército pelo vazamento das mensagens.

O STF iniciou nesta segunda-feira os interrogatórios do chamado Núcleo 3 da investigação, composto por nove militares e um policial federal, acusados de organizar ações para viabilizar o golpe e pressionar o alto comando militar a aderir ao plano.

São réus no processo: Bernardo Romão Correa Neto (coronel), Estevam Theóphilo (general), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira (tenente-coronel), Márcio Nunes De Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel) e Wladimir Matos Soares (policial federal).