A estudante de Letras do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Bianca Borges, de 25 anos, assumiu a presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE). Eleita com 82,62% dos votos durante o Congresso da UNE, realizado em Goiânia, ela liderará a entidade pelos próximos dois anos.
A nova gestão inicia em um cenário de tensão diplomática. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto. No mesmo dia, a UNE organizará mobilizações em todo o país. “Esse é um ataque direto à soberania brasileira e à classe trabalhadora”, afirmou Bianca.
Ela destacou que a UNE foi fundada em 1937 para combater o nazifascismo e, agora, volta às ruas diante de novas ameaças. A mobilização contará com apoio de movimentos como a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo.
O congresso também reafirmou a unidade do movimento estudantil. A chapa vencedora, formada por representantes de partidos como PCdoB, PT, PSB, PDT e PSOL, defende a taxação dos super-ricos e maior investimento na educação pública. Bianca comemorou o apoio inédito de juventudes de diferentes siglas: “O Conune simbolizou uma aliança histórica”.
Entre os temas centrais discutidos, a evasão universitária se destacou. Dados do Censo da Educação Superior de 2023 apontam taxas de abandono de 53% nas instituições públicas e 61% nas privadas. Bianca defendeu mais políticas de permanência e criticou o arcabouço fiscal: “A educação não pode ser refém de limites orçamentários que penalizam os mais pobres”.
Durante o evento, o presidente Lula sancionou uma lei que destina recursos do Fundo Social à assistência estudantil. Ainda no primeiro semestre, o governo criou a bolsa Pé de Meia Licenciaturas, no valor de R$ 1.050 mensais, para estudantes de licenciatura pelo Sisu.
Bianca também destaca o papel das mulheres no movimento: das últimas sete gestões da UNE, seis foram lideradas por mulheres. Ela vê essa continuidade como reflexo de lideranças mais acolhedoras e representativas.
O congresso, no entanto, foi marcado por um trágico acidente na BR-153, em Porangatu (GO), que causou a morte de cinco pessoas, entre elas três estudantes da Universidade Federal do Pará. Outros 70 ficaram feridos. Dois ainda estão hospitalizados.