Um estudo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), apresentado na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Recife, expõe desigualdades raciais históricas na pós-graduação brasileira. Entre 1996 e 2021, brancos obtiveram 49,5% dos títulos de mestrado e 57,8% dos de doutorado, apesar de representarem 55,5% da população, segundo o Censo 2022.
Os dados revelam que pretos são apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, enquanto pardos somam 16,7% e 14,9%, respectivamente. A presença indígena é ainda mais reduzida, com 0,23% no mestrado e 0,3% no doutorado. Em 2021, havia 38,9 mestres brancos por 100 mil habitantes, comparados a 21,4 entre pretos, 16,1 entre pardos e 16 entre indígenas. No doutorado, a disparidade se acentua: 14,5 brancos por 100 mil habitantes contra cerca de 5 entre os demais grupos.
Além da formação acadêmica, a desigualdade persiste no mercado de trabalho. Brancos concentram mais vínculos empregatícios e melhores salários. Em 2021, mestres pretos recebiam em média 13,6% menos que brancos, e entre doutores a diferença era de 6,4%. Para Sofia Daher, coordenadora do estudo e analista do CGEE, essa realidade confirma uma desvantagem estrutural que se reflete em salários menores para negros e indígenas, mesmo com o mesmo nível de titulação.















