Um estudo recente aponta que 33,8% dos jovens que apostam online adiarão o início de um curso superior em instituições privadas em 2025 por causa dos gastos com apostas esportivas. Realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) em parceria com o Educa Insights, a pesquisa ouviu 11.762 pessoas em março, resultando em 2.317 entrevistas completas com jovens de 18 a 35 anos em todas as regiões e classes sociais.
O levantamento revela que 34,4% dos entrevistados precisarão reduzir ou parar de apostar para iniciar a graduação em 2026. Paulo Chanan, diretor-geral da Abmes, destaca que os números mostram uma tendência de agravamento em relação à edição anterior do estudo, de setembro de 2024. Segundo ele, o fenômeno afeta sobretudo jovens das classes C e D e evidencia a necessidade de regulamentação mais eficaz.
O perfil dos apostadores se manteve estável: 85% são homens, 85% trabalham, 72% têm filhos, 38% pertencem à classe B e 37% à classe C. Além disso, 79% têm o salário como principal fonte de renda e 40% estão na faixa dos 26 aos 30 anos.
Entre aqueles já matriculados no ensino superior, 14% atrasaram mensalidades ou trancaram o curso devido às apostas. A Abmes estima que quase 1 milhão de potenciais ingressantes em 2026 podem ter a matrícula comprometida pelo gasto com apostas virtuais, conforme projeção com base no Censo da Educação Superior 2023.
O estudo também mostra que a frequência de apostas é alta: metade dos entrevistados aposta de uma a três vezes por semana. Destes, 41% são do Sudeste e 40% do Nordeste. Houve crescimento no valor apostado: em setembro de 2024, 30,8% gastavam mais de R$350; em 2025, esse percentual subiu para 45,3%.
Apesar de alguns apostadores relatarem recuperação parcial das perdas, 22,9% afirmaram não conseguir reaver nada em abril de 2025. Daniel Infante, diretor do Educa Insights, alertou para o risco de o setor educacional privado perder alunos para as apostas, reforçando a necessidade de debates sobre regulação e conscientização.
Além do impacto no acesso e permanência no ensino superior, o comprometimento financeiro com apostas leva a outros cortes: 28,5% dos entrevistados deixaram de frequentar bares ou restaurantes, 23,6% abandonaram atividades físicas e 20,9% cancelaram cursos ou idiomas.
A Abmes defende soluções multissetoriais, como campanhas educativas e políticas públicas de conscientização, para mitigar o problema e garantir que jovens possam planejar o futuro acadêmico sem o peso excessivo das apostas.