Brasil retoma laços históricos com Angola em nova fase diplomática

Do passado colonial à reaproximação no governo Lula, Brasil e Angola vivem uma relação marcada por ciclos de afastamento e renovação diplomática.

Fonte: CenárioMT

Brasil retoma laços históricos com Angola em nova fase diplomática
Brasil retoma laços históricos com Angola em nova fase diplomática - Foto: MAB/DIVULGAÇÃO

A ligação entre Brasil e Angola remonta ao período colonial, quando o território africano foi a principal fonte de mão de obra escravizada trazida ao Brasil. Dos 4,8 milhões de africanos escravizados que desembarcaram no país, 3,8 milhões vieram da região de Congo-Angola, segundo registros históricos.

Após o fim do tráfico negreiro em 1850, as relações entre os dois países oscilaram entre aproximações diplomáticas e longos períodos de distanciamento. Durante o Império, a elite de Luanda e Benguela chegou a defender a anexação de Angola ao Brasil recém-independente, mas a proposta foi barrada por Portugal e Inglaterra.

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No século XX, a política externa brasileira negligenciou a África, especialmente durante a República Velha, marcada por ideologias racistas e foco na imigração europeia. A mudança começa na década de 1960 com o processo de descolonização africana. Em 1961, o governo de Jânio Quadros instalou a primeira embaixada brasileira no continente, em Gana.

Essa reaproximação foi interrompida após o golpe de 1964, quando os militares passaram a apoiar a colonização portuguesa em Angola. No entanto, a crise do petróleo na década de 1970 levou o Brasil a retomar relações pragmáticas com nações africanas. Em 1975, o país foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola.

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Durante os anos 1980, o presidente José Sarney foi o primeiro chefe de Estado brasileiro a visitar Angola. Mas os governos seguintes, como os de Collor e FHC, priorizaram relações com Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Com a chegada de Lula à presidência, as relações Sul-Sul ganharam força, e Angola voltou a ser foco da política externa brasileira. Lula visitou o país em 2007, promovendo cooperação além do petróleo e agronegócio. Já no governo Dilma, houve retração desse movimento, com maior atenção ao Mercosul e Brics.

Os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro interromperam esse ciclo, reduzindo a presença diplomática e encerrando postos na África. Bolsonaro, inclusive, enfrentou tensões com Angola devido a denúncias de corrupção envolvendo a Igreja Universal.

Agora, no terceiro mandato de Lula, o Brasil busca retomar e diversificar as relações comerciais com Angola, sinalizando uma nova fase de cooperação estratégica entre as duas nações.

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.