Microplásticos contaminam água, ar e alimentos, alertam cientistas brasileiros

Pesquisadores de universidades do Rio de Janeiro confirmam a presença de micro e nanoplásticos no meio ambiente e no corpo humano, de norte a sul do país.

Fonte: CenárioMT

Microplásticos contaminam água, ar e alimentos, alertam cientistas brasileiros
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) reuniram evidências sobre a ampla presença de microplásticos e nanoplásticos na natureza e no organismo humano. O estudo analisou mais de 140 pesquisas internacionais, incluindo trabalhos realizados no Brasil.

Segundo o professor Vitor Ferreira, do Instituto de Química da UFF, embora os impactos do plástico no meio ambiente sejam estudados desde a década de 1940, a atenção às micropartículas e suas interações com seres vivos cresceu apenas nos últimos dez anos. “Os plásticos se fragmentam com a ação da luz solar, transformando-se em micro e nanopartículas que contaminam a água, o solo e o ar, entrando na cadeia alimentar”, explicou o pesquisador.

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As partículas foram encontradas em alimentos como açúcar, sal e mel, além de frutos do mar e peixes, que acabam transferindo os contaminantes aos seres humanos. Animais com traços dessas substâncias já foram identificados da Amazônia ao Rio Grande do Sul, e os cientistas destacam que também inalamos e absorvemos essas partículas pela pele.

Estima-se que uma pessoa consuma entre 39 mil e 52 mil microplásticos por ano — número que pode ultrapassar 120 mil ao considerar a inalação. O consumo é ainda maior entre quem bebe apenas água engarrafada. Entretanto, os pesquisadores acreditam que os valores são subestimados, já que as nanopartículas são difíceis de detectar com métodos tradicionais.

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Uma vez no corpo, essas partículas podem se acumular em órgãos como pulmões, fígado e placenta. Estudos recentes encontraram microplásticos em cordões umbilicais e fetos, levantando preocupações sobre os efeitos a longo prazo.

Ferreira destacou que apenas um estudo clínico até agora identificou microplásticos em 60% dos coágulos analisados em artérias humanas. Para ele, a comprovação da relação direta entre essas partículas e doenças é apenas questão de tempo. “Precisamos entender se os microplásticos são gatilhos para infecções ou processos inflamatórios”, afirmou.

O pesquisador lembrou ainda que o termo “plástico” abrange diversos tipos de polímeros sintéticos derivados do petróleo. Além de embalagens, estão presentes em pneus, tecidos e inúmeros produtos do cotidiano. Os aditivos usados na fabricação também podem potencializar riscos ambientais e à saúde.

Diante desse cenário, Ferreira defende medidas urgentes de mitigação. “É essencial ampliar a capacidade de reciclagem e evitar o descarte inadequado. A responsabilidade é coletiva, mas governos e indústrias precisam liderar esse processo”, enfatizou. A Organização das Nações Unidas (ONU) busca desde 2022 firmar um tratado global contra a poluição plástica, mas as negociações seguem sem conclusão.

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.