Gestantes em vulnerabilidade enfrentam maior risco de natimortalidade no Brasil

Estudo da Fiocruz revela que o risco de perder o bebê é significativamente mais alto entre gestantes que vivem em municípios com baixa condição socioeconômica.

Fonte: CenárioMT

Gestantes em vulnerabilidade enfrentam maior risco de natimortalidade no Brasil
Foto: Fotorech/Pixabay

Gestantes que vivem em áreas socialmente vulneráveis têm até 68% mais risco de perder o bebê durante a gestação ou no parto. A constatação é resultado de uma pesquisa conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a London School of Hygiene and Tropical Medicine, a Universidade de São Paulo (USP) e a Western University, no Canadá.

O estudo analisou registros oficiais do Ministério da Saúde entre 2000 e 2018, associando os dados ao Índice Brasileiro de Privação, que classifica os municípios conforme renda, escolaridade e condições de moradia. Enquanto nas cidades com melhores condições socioeconômicas a taxa de natimortalidade caiu, nas mais carentes ela se manteve praticamente estável ao longo de 18 anos.

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De acordo com o artigo publicado na revista BMC Pregnancy and Childbirth, o objetivo foi avaliar se a queda nacional da natimortalidade ocorreu de forma equilibrada entre os diferentes níveis de privação, visando identificar regiões que precisam de mais apoio e políticas específicas.

Os dados mostram que, em 2018, o país registrou 28,6 casos de natimortos por mil nascimentos, o que representa uma média nacional de 9,6. No entanto, nas cidades com piores indicadores sociais, o número sobe para 11,8, enquanto nas mais desenvolvidas cai para 7,5.

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Segundo a pesquisadora Enny Paixão, da Fiocruz Bahia, a diferença evidencia o impacto direto das desigualdades sociais nas taxas de natimortalidade. Ela ressalta que a qualidade dos serviços de saúde e o acesso a cuidados pré-natais e obstétricos são fatores determinantes.

Uma das hipóteses levantadas pelos especialistas é que as regiões mais carentes concentram populações rurais em áreas remotas, com dificuldade de acesso a serviços de saúde de maior complexidade. A combinação de infraestrutura precária, longas distâncias e baixa qualidade no atendimento agrava o cenário para gestantes nessas localidades.

Para a Fiocruz, compreender essas disparidades é essencial para aprimorar o sistema de saúde e reduzir a natimortalidade, especialmente nas regiões mais afetadas pela pobreza e pela falta de serviços básicos.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada. Envie suas sugestões para o email: [email protected]