Cubanos no Mais Médicos: impacto, números e polêmica internacional

Programa criado para ampliar a assistência médica em áreas carentes no Brasil tem participação de médicos cubanos, alvo recente de críticas dos EUA.

Fonte: CenárioMT

Cubanos no Mais Médicos: impacto, números e polêmica internacional
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O programa Mais Médicos, criado em 2013 para ampliar o acesso à atenção básica de saúde em regiões carentes, beneficiou mais de 66,6 milhões de brasileiros e alcançou mais de 4 mil municípios, segundo dados do Ministério da Saúde. Até 2018, os profissionais cubanos representaram a maioria no projeto, chegando a ocupar 64% das vagas no início. Atualmente, eles compõem cerca de 10% do total de 26 mil médicos em atuação, a maioria brasileiros.

A cooperação com Cuba, mediada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), durou de 2013 a 2018. O país caribenho, reconhecido pelos elevados índices de saúde pública, mantém hoje 24 mil médicos em 56 nações. Ao longo de mais de 60 anos, 605 mil profissionais cubanos já atuaram em 165 países.

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Nesta quarta-feira (13), os Estados Unidos anunciaram a revogação de vistos de funcionários ligados ao programa, alegando trabalho forçado por parte do governo cubano. O presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rômulo Paes, rebateu as críticas e afirmou que a ação norte-americana é motivada por questões políticas externas. Ele destacou que Cuba mantém acordos médicos com dezenas de países, incluindo Portugal, Espanha e Ucrânia, sem que estes sejam alvo de sanções.

Nos primeiros anos, a presença cubana ajudou a reduzir em 56% o déficit de acesso à atenção primária em diversos municípios, melhorando a relação médico-paciente e reduzindo hospitalizações por causas evitáveis. Em 2014, 11,3 mil cubanos participavam do programa. Ao final da cooperação, eram 8,5 mil, metade do total de médicos do Mais Médicos na época.

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Hoje, a participação estrangeira ocorre por meio de editais abertos quando vagas não são preenchidas por brasileiros, priorizando áreas remotas como interior da Amazônia e periferias urbanas. Pesquisa da UFMG e do Ipespe apontou que 95% dos pacientes aprovam o programa, atribuindo nota média de 8,4; entre indígenas, a média foi de 8,7. O estudo também identificou redução no tempo de espera para consultas e destacou a humanização no atendimento, apesar de barreiras linguísticas iniciais.

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.