Casos de coqueluche aumentam no Brasil e preocupam autoridades de saúde

O Brasil enfrenta um aumento expressivo de casos de coqueluche entre crianças pequenas, com mais de 2 mil registros em 2024 e crescimento de 1200% em relação a anos anteriores.

Fonte: CenárioMT

Casos de coqueluche aumentam no Brasil e preocupam autoridades de saúde
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O número de casos de coqueluche entre crianças pequenas cresceu mais de 1200% no Brasil, segundo o Observatório de Saúde na Infância. Em 2024, foram confirmados ao menos 2.152 diagnósticos da doença em menores de cinco anos — grupo considerado o mais vulnerável às complicações. Desse total, 665 precisaram de internação e 14 morreram, ultrapassando as dez mortes registradas entre 2019 e 2023.

A coordenadora do Observatório, Patrícia Boccolini, chamou atenção para a gravidade do cenário. “Como explicar tantas mortes por uma doença totalmente prevenível?”, questionou. Apesar de uma leve melhora até agosto de 2025, com 1.148 casos e 577 internações, os números seguem elevados.

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A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis e pode ser prevenida por meio da vacinação. O esquema vacinal inclui três doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de idade. As gestantes também devem ser imunizadas com a DTPa durante cada gravidez para proteger os recém-nascidos.

Estudo da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase) aponta que mais da metade dos casos de 2024 ocorreram em bebês com menos de um ano, responsáveis por 80% das internações. Boccolini avalia que o aumento se deve a fatores como os ciclos naturais da doença, o impacto pós-pandemia, a reorganização dos serviços de saúde e a desigualdade nas coberturas vacinais.

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“Embora as médias nacionais sejam razoáveis, há forte disparidade entre municípios. Alguns atingem altas taxas de vacinação, enquanto outros ficam bem abaixo da meta”, destacou Boccolini. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 90% dos bebês e 86% das gestantes receberam os imunizantes em 2024, superando índices de 2013. No entanto, a meta de 95% ainda não foi alcançada.

O volume atual de casos se aproxima do registrado em 2015, quando mais de 2.300 crianças foram infectadas. A partir de 2016, os números caíram, e o último ano com mais de mil ocorrências havia sido 2019.

O aumento da doença não se restringe ao Brasil. Em toda a região das Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) contabilizou mais de 18 mil casos e 128 mortes entre janeiro e julho de 2025. O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, explica que a coqueluche tem um comportamento cíclico. “Mesmo com avanços recentes na vacinação, o ciclo natural da doença volta a se manifestar”, observou.

Cunha lembrou ainda que a vacinação de gestantes foi incluída no Programa Nacional de Imunizações justamente após um ciclo anterior de aumento de casos. “O bebê só está totalmente protegido após completar as três doses da pentavalente, por volta dos seis meses. Vacinar a gestante é essencial para proteger o recém-nascido”, reforçou.

Para Boccolini, o desconhecimento sobre a coqueluche é outro desafio. “Muitas pessoas nem sabem o que é a doença, reflexo de um período em que as altas coberturas vacinais eliminaram os surtos. Mas agora precisamos retomar a conscientização”, concluiu.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.