A falta de atendimento adequado para famílias que perdem um bebê durante a gestação, no parto ou logo após o nascimento pode desencadear depressão e ansiedade, sobrecarregando o sistema de saúde. A constatação é da diretora da ONG Prematuridade, Denise Suguitani, que há 11 anos oferece apoio a mães, pais e avós em luto materno parental.
Segundo Suguitani, “quando essas famílias não recebem acolhimento, a demanda por atendimento de saúde mental aumenta, podendo gerar internações que poderiam ser evitadas”.
O atendimento psicológico, preferencialmente realizado na residência da família ou na unidade de saúde mais próxima, é uma das diretrizes da Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, em vigor desde agosto, mas enfrenta escassez de profissionais.
Em Roraima, Janynnie Matos de Freitas, da organização Amada Helena, confirma a dificuldade de atendimento. Ela ressalta a necessidade de expansão da política em todo o país e destaca que todo o núcleo familiar sofre com a perda.
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Enfermaria da Maternidade Escola da UFRJ, em Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Profissionais de saúde destacam que o atendimento humanizado desde a perda reduz o sofrimento psicológico de longo prazo. A lei prevê investigação da causa do óbito, direito de despedida e registro do bebê, respeitando a vontade da família.
Marisa Sanchez, psicóloga especialista em saúde mental perinatal, explica que criar lembranças afetivas, como fotos ou objetos simbólicos, é fundamental para o processo de luto.
Outubro é o mês de referência da política de humanização do luto materno e parental, reforçando a importância de garantir acolhimento por meio de normas claras para hospitais públicos e privados.
Entre as medidas da lei estão a separação de alas para mães enlutadas, presença de acompanhante no parto mesmo em caso de óbito fetal e direito de sepultar ou cremar o bebê conforme crenças da família.
O Ministério da Saúde informou que a implementação será gradual, envolvendo adequações organizacionais, formação de profissionais e integração dos fluxos assistenciais, mas não confirmou novos investimentos.


















