Você sabia que a ansiedade pode ser um precursor da depressão

Ansiedade é uma luta/fuga, um instinto de sobrevivência, uma expectativa apreensiva com relação ao que está por vir. O receio é igual ao medo, pela incerteza no futuro. Ambos são sentimentos similares com um mesmo resultante, ou seja, o receio leva à ansiedade que pode levar a outros transtornos ou síndromes e levar a depressão

Fonte: Fabiano de Abreu

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Entenda neste artigo como a ansiedade funciona em nosso cérebro.

Quando temos uma ameaça, ela é recebida no cérebro através do córtex visual, uma vez que se vê a ameaça, envia-se duas mensagens, uma para a amígdala e a outra para o córtex pré frontal. A Amígdala manda mensagem para as glândulas suprarrenais que passa a produzir mais noradrenalina, hormônio do medo, humor, ansiedade, sono e alimentação junto com a serotonina, dopamina e adrenalina. Esse neurotransmissor é um precursor da adrenalina, ou seja, ele aparece antes da adrenalina ser metabolizada. São neurotransmissores parecidos sendo que estimulam receptores diferentes.

A amígdala é a resposta física do medo. A consciência do medo está no córtex pre frontal, ela dá o julgamento, a razão para o medo buscando memórias antigas e recentes de experiências de medo. Não precisamos ver para que nossa amígdala perceba o perigo, o medo, pois a região vai além dos sentidos mas também da percepção da condição.

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Neurocientistas da universidade da Califórnia, em São Francisco, fizeram testes em participantes com depressão e ansiedade que apresentaram sinais passando entre a amígdala cerebelosa, grupo de neurônios pertencentes ao sistema límbico que controlam as emoções, e no hipocampo, que é a estrutura localizada nos lóbulos temporais do cérebro e responsável pelo armazenamento da memória, em que as frequências apresentadas foram entre 13 e 30 hertz.

As ondas cerebrais, chamadas β-AH ICNs, coincidiam com períodos em que a ansiedade aumentava. Essas regiões tem papéis na emoção e no humor. As amígdalas recebem as informações dos sentidos, é aonde fica armazenado o que seria o inconsciente; as amígdalas demonstram desempenhar um papel importante no processamento de memória e decisão especialmente no processamento de memórias que tenham significado emocional, tomando decisões com base nessas memórias.

O hipocampo é conectado reciprocamente ao córtex e às estruturas subcorticais, a atividade no hipocampo é necessária para converter memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Ele consolida uma experiência ou fato mantido na memória de curto prazo em código armazenável de longo prazo. O hipocampo também está diretamente conectado ao córtex visual e desempenha um papel significativo na navegação espacial e na memória.

Processo através dos hormônios neurotransmissores

Primeiro estágio – A ameaça, o medo ou receio ativa o sistema neuroendócrino onde há o envolvimento das partes do cérebro denominadas de hipotálamo que secreta neurotransmissores como a dopamina, noradrenalina e fator liberador de corticotrofina que estimula a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula hipófise, que também aumenta a produção de outros hormônios, tais como ADH, prolactina, hormônio somatotrófico (STH ou GH – hormônio de crescimento), hormônio tireotrófico (TSH).

O ACTH estimula as glândulas supra-renais a secretarem corticóides e adrenalina (catecolamina). As glândulas adrenais passam  então a produzir e liberar os hormônios do estresse (adrenalina e cortisol), que aceleram o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o interesse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa mais hemácias para a circulação sanguínea, o que amplia a oxigenação dos tecidos) e causa imunodepressão (redução das defesas do organismo). A função dessa resposta fisiológica é preparar o organismo para a ação, que pode ser de “luta” ou “fuga”.

Nessa fase também pode ocorrer tento uma inibição quanto um aumento desmedido de hormônios gonadotróficos.

Segundo estágio, (adaptação), – o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis hormonais. No entanto, se o agente ou estímulo estressor continua, o terceiro estágio (exaustão) – começa e pode provocar o surgimento de uma doença associada à condição estressante, pois nesse estágio começam a falhar os mecanismos de adaptação e ocorre déficit das reservas de energia. As modificações biológicas que aparecem nessa fase assemelham-se àquelas da reação de alarme, mas o organismo já não é capaz de equilibrar-se por si só.

O estresse agudo, repetido inúmeras vezes pode, por essa razão, trazer consequências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas.

O estresse pode provocar também mudança nos receptores pós-sinápticos normais de GABA (principal neurotransmissor inibidor do SNC), levando a superestimulação de neurônios e resultando em irritabilidade do sistema límbico. A presença de GABA diminui a excitabilidade elétrica dos neurônios ao permitir um fluxo maior de íons cloro. A perda de uma das sub-unidades-chave do receptor GABA prejudica sua capacidade de moderar a atividade neuronal.

De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado para lidar com estresse agudo, se ele não ocorre com muita frequência. Mas quando essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus efeitos se multiplicam em cascata, desgastando seriamente o organismo.

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Sintomas da ansiedade

A adrenalina circulante precisa ser queimada, o que causa ações diferentes em cada parte do corpo: pode provocar tontura, boca seca, dificuldade de respirar, taquicardia,  inquietação física, tremores, inquietação física,  visão turva, frio na barriga, arrepios, dores de cabeça, sudorese, problemas gastrointestinais, sensação de queda, podendo levar ao desmaio.

A ansiedade também pode resultar em disfunções de outros neurotransmissores, entre eles, a serotonina e a dopamina que resultam nos sintomas acima. Tudo depende do tipo e intensidade da ansiedade para os sintomas e também do organismo do indivíduo e como ele responde ao desequilíbrio.

Ansiedade e memória

A ansiedade é um circuito de sobrevivência defensivo e está relacionado a memória de trabalho, que faz a manutenção temporária e processamento da informação durante a realização de tarefas diversas. Quando a memória de trabalho está ativado seu funcionamento reside na interação entre o córtex pré-frontal e diferentes áreas do córtex posterior, lobo temporal e occipital.

Quanto maior a ansiedade, maior a perda da razão e da memória. Isso acontece pois a ansiedade é um sistema de defesa e a emoção impulsiona para que possa ter uma saída rápida. Quando temos a emoção sobressaindo à razão, temos menor raciocínio. Também há a questão da disfunção hormonal que leva a sintomas que interferem na razão. E o terceiro ponto é o acumulo de informações que geram filtros em que, quando acentuada a ansiedade, o cérebro tem dificuldades na escolha devido a essa interferência de informações. É como se a emoção estivesse em todas as memórias e não escolhesse uma só para armazenar. Uma tremenda confusão.

Doenças da ansiedade.

A ansiedade pode levar à síndrome do pânico, fobias, transtornos, síndromes, mutismo seletivo, estresse e depressão.

Com lidar com a ansiedade – alguns pontos para controlar

  • Falta de metas de curto e longo prazo elevam a ansiedade e levam à depressão. É importante criar não só metas de longo prazo, mas as de curto prazo. Principalmente quem sofre de ansiedade;
  • Respiração, procurar respirar fundo quando sente-se ansioso;
  • Nosso tipo de pensamento é responsável pelas diversidades mentais negativas. O pensamento desencadeia uma ação no sentimento. Precisamos pensar positivo e buscar ações positivas;
  • Meditação é um bom relaxamento quando consegue pratica-lo devidamente, não pensando em nada negativo ou que leve à ansiedade;
  • Auto intoxicação comportamental, onde seus pensamentos desregulam os hormônios e neurotransmissores trazendo desequilíbrio. Mudança de hábito é essencial;
  • Uma neuroplasticidade cerebral criando novas conexões através da leitura, exercícios físicos e mudança de hábitos;
  • Uma alimentação que supra nossas necessidades e regule a microbiota intestinal para que reações não atrapalhes o bem estar e não levem a uma ansiedade;

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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.