Vice-presidente da Colômbia denuncia racismo ambiental na ONU

Francia Márquez criticou a ONU por ignorar populações negras e indígenas nas decisões climáticas durante a COP30 em Belém.

Fonte: CenárioMT

Vice-presidente da Colômbia denuncia racismo ambiental na ONU
Vice-presidente da Colômbia denuncia racismo ambiental na ONU - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Durante a COP30 em Belém, a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) não reconhece o valor político e cultural das populações negras e indígenas nas principais decisões sobre o clima.

Em encontro na Zona Azul, promovido pela presidência da COP30, Márquez discutiu o conceito de racismo ambiental, ressaltando como as mudanças climáticas afetam de maneira desigual povos historicamente oprimidos.

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“Quando falamos de racismo ambiental, tenho que começar reconhecendo que as Nações Unidas são racistas”, declarou a vice-presidente.

Ela lembrou esforços anteriores, como na COP16, para que os afrodescendentes fossem oficialmente reconhecidos. Segundo Márquez, a ONU respondeu que essas populações não tinham “uma linguagem contributiva”, desconsiderando sua cultura e papel na preservação ambiental.

A vice-presidente colombiana detalhou os impactos do clima sobre comunidades afrodescendentes e indígenas, resultado, segundo ela, de racismo sistêmico. “O colonialismo e a escravidão sustentaram um modelo econômico que hoje esgota a vida no planeta e marginaliza certos povos”, afirmou.

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“Não se pode falar do clima sem entender que tudo está conectado. Os mais vulneráveis são as populações racializadas, alvo de violências estruturais há muito tempo”, completou.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, endossou a crítica, relatando experiências pessoais na favela da Maré, no Rio de Janeiro, para ilustrar a vulnerabilidade das populações pobres e racializadas diante das mudanças climáticas. “Se a Baixada Fluminense é mais quente que a Zona Sul do Rio, isso também é racismo ambiental”, destacou.

Já a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ressaltou ações do governo federal para implementar medidas de transição justa e aumentar a participação de povos tradicionais na COP30. “A cada tragédia ambiental, percebemos o impacto brutal do racismo ambiental. Esta COP vai pautar esses problemas com ampla participação social e indígena”, afirmou.

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