Tribunal dos Povos condena Estados e empresas por ecogenocídio global

Durante a COP30, o Tribunal Autônomo dos Povos divulgou uma sentença histórica responsabilizando governos e corporações por violações ambientais e sociais.

Fonte: CenárioMT

Tribunal dos Povos condena Estados e empresas por ecogenocídio global
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O Tribunal Autônomo e Permanente dos Povos contra o Ecogenocídio, criado simbolicamente na COP30 por movimentos sociais, publicou uma sentença que responsabiliza Estados e grandes empresas por crimes sistemáticos contra povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e o meio ambiente.

A decisão evidencia uma disputa entre modelos de vida: o colonial, que explora territórios e corpos, e o ancestral, que respeita a Terra como viva e digna de proteção.

[Continua depois da Publicidade]

A sentença foi construída a partir de denúncias de promotores populares, vítimas, testemunhas e especialistas em Belém, nos dias 13 e 14. Entre os 21 casos analisados estão violações na Amazônia, Palestina ocupada, Bangladesh e diversas regiões da América Latina e África. As denúncias incluem desmatamento, dragagem de rios, expansão do agronegócio, mineração, pulverização de agrotóxicos, trabalho escravo e remoções forçadas.

O Tribunal classifica essas violações como parte de um projeto político colonial, racista e patriarcal que favorece corporações e setores financeiros. Entre os Estados condenados estão Brasil, Bangladesh, Chile, Colômbia, Bolívia, Guiné-Bissau e Israel.

[Continua depois da Publicidade]

Mais de 800 empresas, incluindo Cargill, Bunge, Amaggi, JBS, Enel, Norte Energia, Minerva e Louis Dreyfus, além de instituições financeiras como BNDES, Banco Mundial, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e JPMorgan Chase, também foram responsabilizadas.

A sentença exige reparações urgentes, como reconhecimento de direitos territoriais, demarcação de terras indígenas, consulta prévia e livre, reforma agrária e revogação do Decreto Federal 12.600/2025, que facilita a desestatização de hidrovias.

O documento pede ainda investigação criminal, proteção a defensores de direitos humanos e nulidade de projetos que afetem territórios tradicionais sem consulta.

Segundo o Tribunal, essas ações são essenciais para proteger ecossistemas e reconhecer povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais como guardiões da natureza.

A sentença simboliza um chamado político e cultural: “mais que decisão: é canto, é tambor, é lamparina acesa na vigília dos povos”, segundo o texto.

O conselho que assinou a decisão inclui lideranças indígenas, quilombolas, juristas e pesquisadores, como Cacique Ramon Tupinambá, Aiala Colares de Oliveira Couto, Iyalasé Yashodhan Abya Yala Muzunguè CoMPaz e Girolamo Treccani.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Avatar photo
Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.