Uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Favela revelou que 58% das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas deixariam a atividade caso tivessem condições de garantir renda e estabilidade. O levantamento ouviu 3.954 entrevistados em favelas de 23 estados entre agosto e setembro de 2025.
Na pergunta direta sobre abandonar o crime, 31% afirmaram que não sairiam. O estudo também mapeou diferenças regionais: no Ceará, 44% permaneceriam na atividade, enquanto no Distrito Federal o índice chega a 77%.
Entre os fatores que poderiam incentivar a saída do crime, 22% citam a chance de abrir um próprio negócio e 20% prefeririam um emprego formal. A remuneração nas ações ilícitas é apontada como principal motivo para permanecer: 63% recebem até dois salários-mínimos, com média de R$ 3.536 mensais.
O instituto destaca que muitos buscam outras fontes de renda para complementar ganhos baixos. 36% realizam outra atividade remunerada, incluindo bicos (42%) e pequenos empreendimentos (24%). Além disso, 16% possuem trabalho formal paralelo, 14% ajudam em negócios de conhecidos e 3% participam de projetos sociais.
O levantamento ouviu 5 mil pessoas presencialmente, das quais 3.954 entrevistas foram validadas. O questionário contou com 84 perguntas e margem de erro de 1,56 ponto percentual.
O perfil dos entrevistados mostra que 79% são homens, 74% são negros e metade tem entre 13 e 26 anos. A maioria nasceu e cresceu na mesma comunidade e 42% não concluíram o ensino fundamental. Para 43%, a mãe é a principal referência afetiva, e 84% afirmam que não deixariam um filho ingressar no crime.


















