A Temporada França-Brasil apresenta exposições que escancaram os bastidores e os efeitos da inteligência artificial (IA), discutindo temas como precarização do trabalho, crise climática e futuros possíveis. Em Paris, a mostra O mundo segundo a IA exibe obras de artistas como Lauritz Bohne, Lea Scherer e Edward Zammit, que documentam a rotina extenuante de trabalhadores responsáveis por treinar sistemas de IA em espaços reduzidos e com baixa remuneração.
Outra obra, de Kate Crawford e Vladan Joler, disseca o Amazon Echo, mostrando a cadeia de trabalho, extração de materiais e descarte, revelando os custos ambientais e humanos por trás de um dispositivo doméstico aparentemente simples. Trevor Paglen, com Faces do ImageNet, expõe os vieses preconceituosos presentes em bancos de dados usados no reconhecimento facial, levantando alertas sobre discriminação e segurança.
Grégory Chatonsky propõe em A quarta memória uma visão distópica em que máquinas perpetuam memórias humanas após a extinção da humanidade. Em paralelo, a exposição O Novo Anormal, que também integra a temporada, chega ao Brasil para provocar reflexão coletiva sobre a emergência climática, com instalações que medem pegadas de carbono de refeições e ilustram o impacto desigual do aquecimento global em diferentes regiões.
Além das exposições, a Temporada França-Brasil inclui fóruns como o Nosso Futuro – França-Brasil, em Salvador, com a presença dos presidentes Lula e Macron, debatendo justiça social e sustentabilidade com jovens e lideranças. Outro evento, o Fórum Juventude e Democracia, reunirá jovens brasileiros e franceses em Brasília para discutir desinformação, economia solidária e igualdade de gênero. A programação, que ocorre de agosto a dezembro, abrange 15 cidades brasileiras, fortalecendo o intercâmbio cultural entre os dois países.
