Édouard Glissant, poeta, filósofo e romancista da Martinica, será o principal homenageado da Temporada França-Brasil 2025. Reconhecido por suas reflexões sobre relações culturais e diáspora, Glissant defendeu a ideia de que o mundo se forma em encontros inesperados. Sua obra influenciou movimentos decoloniais e propõe releituras do passado marcado pela escravidão.
Segundo Sylvie Glissant, viúva do intelectual, sua visão partia da experiência de um arquipélago interconectado. A Martinica, colônia francesa desde o século XVII, tem uma população majoritariamente descendente de africanos escravizados. Glissant abordava essas memórias apagadas, afirmando que elas persistem nos corpos e se manifestam em expressões artísticas.
A Temporada França-Brasil busca reforçar laços entre os países, com uma programação que ocorrerá em 15 cidades brasileiras entre agosto e dezembro de 2025. Exposições, residências artísticas e seminários integram o colóquio O arquipélago Glissant, marcado para o Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Em São Paulo, o Instituto Tomie Ohtake exibirá 40 obras da coleção pessoal do autor, hoje mantida no Memorial Acte, em Guadalupe.
O evento também prevê a participação de Sylvie Glissant na Flup, no Rio de Janeiro, além de um intercâmbio com autores e artistas da Martinica, Guadalupe e países africanos. A iniciativa foi firmada em 2023 pelos presidentes Lula e Emmanuel Macron para estimular o diálogo cultural e discutir temas como democracia, diversidade e transição ecológica.