Linha Fina: Ministério da Saúde adquire 2.500 ampolas de fomepizol via OPAS e ANVISA para tratamento de intoxicações por bebidas adulteradas. São Paulo é prioridade na distribuição, que alcançará 12 estados com casos suspeitos.
O Governo do Brasil, por meio do Ministério da Saúde, recebeu nesta quinta-feira (9/10) um lote estratégico de 2.500 ampolas do antídoto fomepizol. Este medicamento, considerado raro devido à baixa produção global, será utilizado para reforçar o estoque do SUS no tratamento de emergências toxicológicas causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol.
A aquisição é inédita no país e foi viabilizada em tempo recorde – apenas oito dias após o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acionar o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A compra foi realizada junto à subsidiária de uma empresa japonesa.
“O que estamos oferecendo agora é uma segunda opção, o fomepizol, adquirido via Opas com apoio da Anvisa: são 2.500 ampolas que já estão sendo entregues,” explicou Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
Distribuição Imediata e Prioridade para São Paulo
A distribuição das novas ampolas de fomepizol começou imediatamente nesta sexta-feira. Serão enviadas 1.500 unidades inicialmente, com prioridade para as regiões com maior incidência de casos confirmados e sob investigação.
São Paulo, estado que concentra o maior número de ocorrências de intoxicação, receberá a maior parte da primeira remessa: 288 unidades.
Estados Contemplados na Primeira Fas
Nesta sexta-feira (10/10), o antídoto será enviado aos 12 estados que registraram ocorrências suspeitas de intoxicação. O quantitativo foi calculado com base na população de cada unidade federativa, utilizando dados do IBGE, para garantir uma resposta equânime e eficaz às emergências.
Após essa etapa prioritária, a distribuição seguirá para todo o país, garantindo o acesso ao medicamento em todas as regiões. Mil ampolas permanecerão no estoque estratégico central do Ministério da Saúde.
O Mecanismo de Ação e a Logística de Aquisição
Eficácia do Fomepizol
O fomepizol é uma alternativa ao tratamento tradicionalmente realizado com etanol farmacêutico. O medicamento é altamente eficaz por impedir que o metanol se metabolize em ácido fórmico, que é a substância que causa a grave acidose metabólica e os danos permanentes aos pacientes.
Devido ao elevado custo e à baixa demanda histórica no Brasil, o medicamento não estava disponível. A aquisição demandou uma força-tarefa interinstitucional:
- O Ministério da Saúde solicitou urgência à ANVISA.
- A ANVISA lançou um edital para identificar produtores globais.
- A fabricante japonesa foi localizada e a OPAS viabilizou a importação em volume substancial.
“Foi um processo muito ágil,” destacou a ANVISA, lembrando que a autorização de importação ocorreu no domingo, permitindo que o produto chegasse ao mercado brasileiro em prazo recorde após o início das negociações.
O Etanol no SUS
O etanol farmacêutico já é o antídoto padrão e está disponível em todas as unidades da federação. Ele pode ser administrado por profissionais de saúde imediatamente na suspeita de intoxicação, sem necessidade de aguardar a confirmação laboratorial. É vital que a população não tente adquiri-lo ou utilizá-lo por conta própria.
Para reforçar os estoques de etanol, a empresa brasileira Cristália fará uma doação de 12 mil ampolas, que se somarão às 4,3 mil unidades já fornecidas por hospitais universitários federais em parceria com a Ebserh.
Situação Epidemiológica (Dados de 8 de Outubro)
O Ministério da Saúde divulgou o balanço mais recente de intoxicações por metanol associadas a bebidas adulteradas:
- Notificações Totais: 259 casos.
- Casos Confirmados: 24.
- Casos em Investigação: 235.
Os casos confirmados estão concentrados em três estados: São Paulo (20), Paraná (3) e Rio Grande do Sul (1).
Em relação aos óbitos, cinco foram confirmados em São Paulo e 11 seguem em investigação nos estados de São Paulo, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Paraíba.
O Ministério da Saúde informou que os estados poderão solicitar remessas adicionais do antídoto conforme a necessidade e a evolução dos registros de casos.