A safra brasileira de grãos, cereais e leguminosas deve totalizar 332,7 milhões de toneladas em 2026, o que representa uma queda de 3,7% em relação ao volume recorde previsto para 2025, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados fazem parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola divulgado nesta quinta-feira (13).
Para 2025, o IBGE estima uma colheita de 345,6 milhões de toneladas, 18,1% maior que a registrada em 2024. O gerente de Agricultura do instituto, Carlos Alfredo Guedes, explica que o resultado reflete o efeito do clima excepcionalmente favorável às lavouras neste ano.
“Em 2025, tivemos condições ideais para culturas como soja, milho, sorgo e algodão. Já em 2026, o clima não deve ser tão favorável”, afirmou. Ele destacou ainda que a nova temporada será influenciada pelo fenômeno La Niña, que deve provocar chuvas intensas no Centro-Oeste e escassez no Sul, afetando o rendimento das plantações.
Apesar do recuo na produção, a área colhida deve crescer 1,1%, alcançando 81,5 milhões de hectares, quase o tamanho do estado de Mato Grosso.
Desempenho das culturas
Entre as 16 culturas analisadas, as maiores reduções são esperadas em milho (-9,3%), sorgo (-11,6%), arroz (-6,5%), algodão (-4,8%) e trigo (-3,7%). Também haverá retração menor em feijão (-1,3%) e amendoim (-2,1%). Segundo o IBGE, o comportamento climático e as incertezas sobre o calendário de plantio explicam o cenário.
Além das condições do tempo, a queda nos preços de produtos como algodão, arroz e feijão leva produtores a reduzirem áreas cultivadas. No caso do algodão, três anos seguidos de colheitas crescentes pressionaram os valores de mercado, diminuindo a rentabilidade.
Para o feijão, a previsão é de redução de 1,3%, com safra de cerca de 3 milhões de toneladas, o suficiente para atender à demanda interna, segundo o instituto.
Soja em alta
No sentido oposto, a soja deve registrar alta de 1,1%, chegando a 167,7 milhões de toneladas. O IBGE aponta que a expansão será impulsionada pela recuperação das lavouras gaúchas, prejudicadas no ciclo anterior, e por um leve aumento de 0,3% na área plantada.
Capacidade de armazenamento
O levantamento também mostrou que a capacidade de armazenagem agrícola do país cresceu 1,8% no primeiro semestre de 2025, totalizando 231,1 milhões de toneladas. A maior parte está concentrada em silos (53,3%), seguida por armazéns graneleiros (36,4%) e convencionais (10,3%).
Em 30 de junho, o estoque total somava 79,4 milhões de toneladas, sendo a maior parte composta por soja (48,8 milhões), milho (18,1 milhões), arroz (6,1 milhões), trigo (2,4 milhões) e café (600 mil). A gestão do armazenamento é vista como uma forma de garantir maior rentabilidade ao produtor, permitindo vender a produção em momentos mais vantajosos.
Comparativo com a Conab
Também nesta quinta-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou que a safra 2025/2026 deve alcançar 354,8 milhões de toneladas de grãos, número ligeiramente superior ao do IBGE.















