Povos originários

Com novas iniciativas, valor destinado com exclusividade a povos indígenas chega a R$ 147 mi, desde fevereiro de 2023, quando Fundo foi reativado

Fonte: AgênciaGov

BNDES destina mais 113 milhões do Fundo Amazônia para apoio a povos indígenas - Foto: Divulgação/BNDES

BNDES destina mais 113 milhões do Fundo Amazônia para apoio a povos indígenas

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 113,7 milhões do Fundo Amazônia para dois novos projetos dirigidos a comunidades indígenas nos nove estados da Amazônia Legal. Com potencial para beneficiar até 332 terras indígenas, os projetos foram elaborados em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), maior organização indígena do Brasil, composta de federações regionais e associações locais na Amazônia e por 180 diferentes povos.

Com as aprovações, o valor destinado pelo Fundo Amazônia a iniciativas com foco exclusivo nos povos indígenas, desde fevereiro do ano passado, chega a R$ 147 milhões. O valor é maior que os R$ 138 milhões destinados para o mesmo fim entre os anos de 2009 e 2018. Os novos projetos aprovados pelo BNDES, gestor do Fundo, vão fortalecer as organizações indígenas e aperfeiçoar a gestão de suas terras, em linha com as diretrizes da Política Nacional de Gestão de Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).

No valor de R$ 59,9 milhões, a proposta apresentada pela The Nature Conservancy Brasil (TNC Brasil), intitulado “Redes Indígenas da Amazônia”, atuará em diversas frentes, sendo uma delas a formação de cerca de 1,7 mil indígenas em temáticas que vão de políticas públicas a gestão financeira e comunicação.

Já o segundo projeto, apresentado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), no valor de R$ 53,8 milhões, denominado Projeto Dabucury, apoiará, por meio de editais, 60 iniciativas de gestão territorial e ambiental indígena. Serão destinados aproximadamente R$ 17 milhões para as organizações indígenas. O primeiro desses editais, no valor de R$ 9,8 milhões, será lançado na próxima semana e contemplará até 30 projetos.

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“Com a paralisação total do Fundo no governo anterior, tivemos uma lacuna nas políticas públicas para proteção das florestas e apoio à agenda indígena. Estamos recuperando o tempo perdido com escala e projetos estruturantes”, disse a diretora Socioambiental, Tereza Campello.

Redes Indígenas da Amazônia

O projeto Redes Indígenas da Amazônia, da TNC Brasil, tem como uma de suas principais entregas a formação da população nos nove estados da Amazônia legal, com objetivo de qualificação das organizações indígenas para participação nas discussões de políticas e programas que possam impactar a integridade das TIs. Por meio do Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi) será realizado curso de longa duração (três meses), anualmente durante três anos, para formação de lideranças indígenas jovens.

Outro bloco de formação será composto de quatro cursos de extensão para alunos indicados por cada uma das organizações da rede Coiab em temas como políticas públicas estaduais e fortalecimento organizacional. Por fim, serão ministrados 15 cursos de especialização em temas como gestão financeira, institucional e de cadeias produtivas, comunicação e monitoramento da PNGATI.

Também está no escopo da iniciativa a reforma da sede da Coiab, em Manaus, onde são desenvolvidas as atividades do Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi). Outras ações como a elaboração de plano de sustentabilidade financeira e manuais, a coordenação da Coiab com as entidades estaduais e o apoio jurídico e de logística para reunião anual do conselho também estão previstos na frente de consolidação organizacional da Coiab.

Outro pilar do projeto é a elaboração, junto às lideranças e organizações indígenas em cada um dos nove Estados da Amazônia Legal, de protocolos de consulta para tomada de decisão sobre políticas e programas governamentais e de proposta de salvaguarda e repartição de benefícios em programas de REDD+ e biodiversidade. A sigla REDD+ define um mecanismo de compensação financeira por Redução das emissões provenientes do desmatamento e da degradação florestal (REDD).

Por fim, o projeto prevê ainda o desenvolvimento de uma ferramenta de monitoramento ambiental e de bem-estar de povos e Território Indígenas. O aplicativo “Monitor-GATI” abordará as diferentes dimensões da gestão territorial e ambiental, permitindo tabulações e análises espaciais e temáticas.

Projeto Dabucury

Quanto ao projeto da CESE, o Dabucury, além dos editais, também está no escopo da iniciativa o apoio técnico, gerencial e jurídico às organizações indígenas executoras, bem como, um programa de formação complementar para o público dos projetos apoiados. Para cada edital, serão organizadas oficinas para construção coletiva dos projetos executivos e oferta de treinamento para gestão e prestação de contas. Há, ainda, um componente de comunicação, com o objetivo de ampliar a difusão das boas práticas de gestão ambiental e territorial.

“O projeto da CESE apoia a implementação dos planos de gestão territorial e ambiental das terras indígenas no nível local, enquanto a TNC propõe ações em nível estadual e regional, abrangendo o monitoramento da implementação da PNGATI e a participação das organizações indígenas nas políticas públicas que impactam a integridade de seus territórios. Olhados em conjunto, ao apoiar a consolidação das terras indígenas, os projetos ajudam a preservar a floresta nas dimensões territoriais local, estadual e regional”, explicou Tereza Campello.

Apoio ampliado – Desde que foi lançado, em 2009, o Fundo Amazônia destinou, no total, mais de R$ 285 milhões para 16 projetos de temática indígena. São R$ 138 milhões para 13 iniciativas entre 2009 e 2018 e mais R$ 147 milhões para projetos desse tipo desde a retomada, no início do ano passado, com teor estruturante e potencial para atingir 332 terras indígenas.

Além desses apoios mais recentes (TNC e CESE), o BNDES aprovou, em novembro de 2023, R$ 33,6 milhões para gestão territorial em 13 Terras Indígenas do estado do Acre, sob responsabilidade da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá.

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Por: Agência BNDES de Notícias

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