A Polícia Federal deflagrou, em 12 de setembro, uma operação que resultou na prisão de oito suspeitos de integrar uma quadrilha de hackers responsável por ataques de alto impacto contra o sistema financeiro nacional. O grupo, de acordo com a investigação, teria sido responsável por prejuízos bilionários em operações anteriores e já articulava um novo golpe, desta vez contra a Caixa Econômica Federal.
As apurações revelaram que os hackers utilizavam uma combinação de métodos sofisticados: cooptação de funcionários, acesso indevido a sistemas internos e exploração de vulnerabilidades em plataformas digitais ligadas ao sistema de pagamentos. Parte dos recursos desviados era rapidamente convertida em criptoativos e transferida para o exterior, dificultando o rastreamento.
Nos ataques anteriores, o grupo teria conseguido desviar R$ 479 milhões de um banco privado e R$ 710 milhões de uma empresa de tecnologia associada ao setor financeiro. Apesar da recuperação parcial de valores pelo Banco Central, os prejuízos efetivos alcançaram cifras superiores a meio bilhão de reais.
O alvo: a caixa econômica federal
A ofensiva mais ousada mirava a Caixa, em uma agência localizada no Brás, região central de São Paulo. Segundo a PF, os criminosos planejavam utilizar credenciais corporativas para acessar a rede interna da instituição, manipular senhas armazenadas em sistemas restritos e movimentar valores expressivos, incluindo recursos de contas de liquidação interbancária e verbas públicas destinadas a programas sociais.
O plano foi descoberto graças à atuação preventiva de um gerente bancário que, desconfiado, comunicou as autoridades. A partir daí, os agentes monitoraram a ação e flagraram a entrega de um equipamento que seria utilizado como porta de entrada para a invasão. A operação envolveu perseguições, apreensão de computadores e celulares, além da prisão dos suspeitos.

Evidências obtidas pela investigação
Durante o inquérito, mensagens interceptadas pela PF indicaram que integrantes do grupo se vangloriavam de falhas intencionais no sistema de pagamentos instantâneos, exploradas posteriormente para realizar fraudes. Conversas também sugeriram possível cooperação de funcionários de diferentes instituições financeiras, o que ampliou a complexidade do caso.
Documentos apreendidos confirmaram a preparação para o ataque contra a Caixa e apontaram a intenção de realizar movimentações em larga escala, com potencial de comprometer não apenas bancos, mas também recursos de caráter social administrados pela instituição.
Impacto e prevenção
O caso chama atenção pela dimensão dos valores envolvidos e pelo alvo escolhido. Estimativas indicam que, caso a ofensiva tivesse sido bem-sucedida, o prejuízo poderia superar todos os ataques anteriores combinados. Ao mesmo tempo, o episódio reforça a vulnerabilidade das instituições financeiras diante de crimes cibernéticos organizados, mesmo com investimentos robustos em segurança digital.
Especialistas apontam que operações preventivas, como a realizada pela Polícia Federal, são essenciais para conter a escalada desse tipo de crime. Também ressaltam a importância de reforçar auditorias, monitoramento em tempo real e cooperação entre órgãos reguladores, bancos e empresas de tecnologia.
Com a prisão dos oito acusados e a apreensão de equipamentos, a Polícia Federal considera desarticulada uma das maiores quadrilhas de crimes cibernéticos em atuação no país. O episódio evidencia não apenas o avanço da criminalidade digital, mas também a necessidade de constante vigilância e atualização tecnológica por parte das instituições financeiras.