Onze projetos culturais foram contemplados com cerca de R$ 5 milhões para promover a valorização da Pequena África, na região central do Rio de Janeiro. Os recursos serão destinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com instituições apoiadoras. Entre os primeiros colocados estão propostas da Casa Escrevivência, da Casa de Tia Ciata e do Instituto Entre o Céu e a Favela.
Segundo o BNDES, a seleção busca fortalecer a preservação da memória e da herança africanas, além de oferecer investimento direto em manifestações culturais e organizações negras. A coordenação do processo foi realizada pelo Consórcio Viva Pequena África, composto pelo Ceap, Diáspora.Black e Feira Preta, escolhido em chamada pública em 2023.
Os critérios de avaliação incluíram relevância, impacto social, tradição, maturidade organizacional e viabilidade técnica. A Casa Escrevivência, criada pela escritora Conceição Evaristo em 2023, conquistou o primeiro lugar. O espaço, localizado no Largo da Prainha, reúne seu acervo literário. “Estamos falando de um patrimônio bibliográfico que se soma à memória da música, do samba e da culinária”, afirmou Evaristo. O apoio financeiro permitirá a ampliação de ações como a formação de professores e atividades com a comunidade local.
No segundo lugar ficou o projeto Caminhos da Tia Ciata, que promoverá saberes afro-brasileiros por meio de oficinas, rodas de conversa e vivências culturais envolvendo samba, capoeira e culinária ancestral. “Acreditamos que a cultura transforma e constrói pontes. Nosso objetivo é fortalecer a Casa de Tia Ciata como referência na preservação da memória afro-brasileira”, destacou Gracy Mary Moreira, presidente da instituição.
Patrimônio cultural
Situada na zona portuária do Rio, a Pequena África é considerada um marco da identidade afro-brasileira. A região abriga o Cais do Valongo, principal ponto de chegada de africanos escravizados nas Américas, reconhecido pela Unesco em 2017 como Patrimônio Mundial. Em setembro de 2025, a área também foi declarada patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro após a sanção da Lei Federal 15.203/2025.
Além do Cais, a Pequena África reúne espaços como o Largo da Prainha, o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, a Pedra do Sal, o Cemitério dos Pretos Novos e a Casa da Tia Ciata, reforçando sua importância como referência histórica e cultural.