O progresso do setor ferroviário está cada vez mais perto. De acordo com o ministro dos Transportes, Renan Filho, são esperados, para os próximos 30 anos, avanços nunca antes vistos na última década. O anúncio foi feito na quarta-feira (1º), em Brasília, durante o evento IX Brasil nos Trilhos – Sustentabilidade em Movimento. O encontro reuniu representantes do Governo Federal, empresários e especialistas para debater o futuro do modal, em um momento marcado por recordes de investimentos públicos e de movimentação de cargas no país.
“O governo anterior, em 2022, aplicou R$ 7,7 bilhões; em 2023, investimos R$ 10,9 bilhões; e, em 2024, R$ 13,7 bilhões. Este é um recorde histórico, quase o dobro do valor investido há dois anos. Isso ocorre exatamente quando o Brasil bate recordes na safra agrícola, na exportação de minério e na produção industrial. Todo esse crescimento exige mais trilhos, mais logística e mais competitividade”, destacou o ministro.
O desempenho do setor ferroviário confirma essa tendência. Em 2024, as ferrovias brasileiras transportaram 540,26 milhões de toneladas úteis (TU), o maior volume dos últimos 20 anos. Já em 2025, entre janeiro e julho, o modal movimentou 302,95 milhões de toneladas, registrando um crescimento de 0,16% em comparação ao mesmo período de 2024. O minério de ferro lidera as cargas transportadas (72,1%), seguido pelo agronegócio (18,6%) e combustíveis e derivados de petróleo (6,5%). Outros produtos, como açúcar, carvão, cimento, contêineres e insumos siderúrgicos, também compõem o volume transportado.
Para atender a essa crescente demanda, o Governo Federal desenvolve o Plano Nacional de Ferrovias (PNF), uma iniciativa que visa modernizar a infraestrutura logística, expandir a malha ferroviária, reduzir os custos logísticos e impulsionar a economia. O plano também contempla a criação de projetos de transporte de cargas e passageiros.
“Estamos registrando diversos ativos simultaneamente, o que caracteriza o Plano Nacional de Ferrovias. O Brasil inteiro está sendo atendido. Não há uma região que fique de fora. Nossa meta é entrar em 2026 com um portfólio normativo consolidado, um banco de projetos e oito leilões, com uma estratégia de financiamento sólida e regras claras para garantir previsibilidade à indústria e fomentar parcerias”, afirmou o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro.
Na ocasião, Renan Filho também ressaltou os avanços na expansão da malha ferroviária, lembrando que o presidente Lula tem sido o responsável pela maior expansão de ferrovias no Brasil desde a redemocratização. “São mais de 4 mil quilômetros de trilhos entregues, com obras como a Norte-Sul, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a Transnordestina. Esta última, que começa a operar em outubro, fará sua primeira viagem de carga, transportando milho do Piauí para o Ceará”, concluiu.
Trilhos sustentáveis
No contexto da realização da COP30 no Brasil, a contribuição das ferrovias para a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas foi amplamente discutida. O modal ferroviário, além de contribuir para a competitividade do setor logístico, também desempenha um importante papel na redução de emissões de gases de efeito estufa. As ferrovias são responsáveis por uma redução de 85% nas emissões de CO₂, em comparação com o transporte rodoviário. Segundo dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), cada tonelada transportada por quilômetro por ferrovia emite apenas 8,35 gCO₂, enquanto o transporte rodoviário libera 52,77 gCO₂/TKU.
“A competitividade entre os modais é essencial, mas também precisamos garantir que a malha ferroviária agregue valor ao sistema logístico como um todo, respeitando as especificidades de cada região e aproveitando seu potencial de forma sustentável”, destacou o secretário-executivo do MT, George Santoro.
O evento também contou com a presença do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do diretor-presidente da ANTF, Davi Barreto; do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio; do diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos, além de outras autoridades.