Jean D’Amérique destaca a arte como resistência e esperança

O poeta haitiano participa pela primeira vez do Festival Artes Vertentes em Tiradentes (MG) e reforça o poder da poesia frente à violência e à crise social.

Fonte: CenárioMT

Jean D'Amérique destaca a arte como resistência e esperança
Jean D'Amérique destaca a arte como resistência e esperança - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O poeta, dramaturgo e romancista haitiano Jean D’Amérique define a arte como uma forma de resistência e uma maneira de criar um espaço seguro dentro de si, mantendo a esperança viva, mesmo diante das adversidades.

Participando pela primeira vez no Brasil, D’Amérique marcou presença no Festival Artes Vertentes em Tiradentes (MG), levando leituras, debates e performances que destacam a importância da poesia e do teatro.

Em entrevista, o artista refletiu sobre a situação política e social do Haiti, enfatizando que a arte no país funciona como instrumento de resistência e esperança, mesmo em meio à violência e à instabilidade.

“Estou aqui há três dias e vi pessoas que se parecem fisicamente comigo, então, é a primeira coisa que mostra que temos certas coisas em comum, talvez por identidade.”

D’Amérique também dirige o festival Transe Poétique, em Porto Príncipe, que busca fortalecer a cena poética local e encorajar jovens a seguir a arte como forma de expressão. Segundo ele, é possível criar oportunidades artísticas no próprio país, sem depender exclusivamente de centros internacionais.

“Foi uma grande oportunidade ter conhecido a poesia, porque ao meu redor havia muita violência. Era mais fácil encontrar uma arma do que um livro. Então, quando encontrei essa maneira de me expressar, foi muito bom.”

Durante a 14ª edição do Festival Artes Vertentes, D’Amérique apresentou a peça A Catedral dos Porcos, premiada na França, e a Ópera Poeira, que traz à cena a figura histórica da tenente haitiana Sanité Belair, reforçando a luta contra o apagamento de heróis e heroínas.

Na obra, a cantora e compositora Juçara Marçal interpreta Sanité, conectando a narrativa com a necessidade de reconhecimento da história e da resistência, estabelecendo paralelos com o Brasil e sua memória histórica.

D’Amérique conclui que, apesar da piora da situação no Haiti, a arte permanece como um instrumento de resistência. Ele afirma que a criação artística é um testemunho político e uma forma de esperança, motivando jovens a continuarem escrevendo e criando, independentemente do contexto adverso.